CP registou 50% de supressões devido a greve

A CP registou 50% de supressões de comboios, até às 16h, no âmbito da greve de 24 horas que termina às 12h de quarta-feira, e que deverá ter um impacto de 700 mil euros, segundo o presidente da empresa.

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Adriano Miranda

Os últimos números divulgados pela CP mostram o impacto da greve de 24h, convocada pelos sindicatos: entre as 12h (hora de início da greve) e as 16h desta terça-feira, 50% dos comboios previstos foram suprimidos. O serviço mais afectado pela paralisação foram os serviços urbanos de Lisboa, com apenas 41% das ligações previstas a serem efectuadas. 

Dos 680 comboios previstos pela CP apenas 342 se realizaram, de acordo com as informações mais recentes divulgadas pela CP, levantadas às 16h. Às 12h, altura em que Carlos Nogueira falou aos jornalistas, a taxa de supressões atingia os 40%, apesar dos “esforços da CP” e dos serviços mínimos declarados.

Em resposta às questões dos jornalistas sobre os prejuízos da segunda paralisação este mês, Carlos Nogueira informou que “não andará longe de 700 mil euros”, mas que os números exactos serão conhecidos mais tarde. Sobre a anterior greve, no passado dia 4, Carlos Nogueira revelou que a perda de receita para a empresa foi de 1,3 milhões de euros.

O responsável sublinhou, porém, que a empresa de transporte de passageiros vai secundarizar o “tema da receita e do seu controlo”, dando prioridade ao transporte e à mobilidade dos seus passageiros “nestes momentos de conturbação e falta de paz social”.

“Os prejuízos são relevantíssimos”, considerou o presidente, que voltou a repetir a incompreensão sobre a marcação de paralisações contra o agente único e que ocorra apenas entre Coimbra e Vila Real de Santo António.

Recordando a marcação de novas greves para 23 e 24 de Junho, a norte de Coimbra, o responsável afirmou que os sindicatos devem ter “razões que não se conseguem descortinar”, porque a “CP não fez, não faz e não fará serviços sem dois agentes escalados entre as categorias profissionais previstas na regulamentação de segurança ferroviária, quer a nível nacional, quer da própria CP”.

“Só com um maquinista o comboio não sai”, garantiu o responsável, repetindo que terá sempre de haver um segundo agente.

Face a um regime de 1999 sobre a questão do número de agentes, o presidente afirmou que o Governo e o Instituto de Mobilidade e dos Transportes “não têm condições para voltar atrás”, até porque há “liberdade” para as empresas de transporte funcionarem com dois agentes.

“A CP no passado, no momento presente e no futuro, comprometeu-se formalmente com o Governo e com o IMT” a ter dois agentes e a continuar a cumprir com essa questão, que tem sido colocada pelos sindicatos para convocar as greves.

Desde as 00h00, e por 24 horas, que decorre também uma paralisação na Medway (antiga CP Carga), enquanto na CP o protesto iniciou-se pelas 12h e prolonga-se também por 24 horas.

Os mesmos modelos serão utilizados para a greve de 23 e 24, mas para os trabalhadores a Norte de Coimbra.

O presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo tinha previsto na segunda-feira em declarações à Lusa a adesão total dos trabalhadores que não cumpram os serviços mínimos e que as “bilheteiras vão estar completamente fechadas”. “No fundo vai haver comboios, mas não vai haver cobrança”, resumiu.

“Em termos de circulação vai haver bastante, uma vez que o tribunal arbitral decretou serviços máximos na sua decisão, que é incompreensível e que faz lembrar os tempos anteriores ao 25 de Abril (de 1974), em que não se podia fazer greve, porque como foram distribuídos os serviços mínimos, equivale praticamente a que os trabalhadores sejam impedidos de fazer greve”, argumentou.

A arbitragem obrigatória do Conselho Económico e Social decretou na sexta-feira que “serão realizados 25% do total dos comboios habitualmente programados para os períodos de greve, tomando em consideração que no dia 13 de Junho, nas linhas e Sintra, Azambuja e Cascais a programação corresponde a dia feriado”.

Cabe à CP escolher os comboios, devendo dar prioridade “às situações com maior impacto na mobilidade das pessoas, designadamente os comboios que habitualmente transportam o maior número de passageiros”.

Já na Medway, os serviços mínimos abrangem o “transporte de ‘amoníaco’, ‘matérias perigosas’ ou susceptíveis de perecimento durante o período de greve”. A Lusa tentou, sem sucesso, obter comentários da empresa.

Para explicar os motivos da greve, Luís Bravo lembrou que os trabalhadores têm uma ata do Governo de Dezembro a incluir dois agentes no regulamento.

“O Governo não cumpriu o acordo e o senhor secretário de Estado se, aquilo que subscreve não vale nada, acho que devia considerar pôr o seu lugar à disposição”, defendeu.

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