Renovação da Linha do Norte avança entre Ovar e Gaia com um ano e meio de atraso

Ministro Pedro Marques anunciou esta segunda-feira concurso público para obras que já deveriam ter começado em finais de 2017.

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Obras vão obrigar a abrandamentos na velocidade dos comboios Rita França

O ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, anunciou em Espinho o lançamento de um concurso público para escolher o empreiteiro que fará a renovação de um troço de 15 quilómetros da Linha do Norte entre aquela cidade e Gaia. Há 30 anos uma renovação integral de via era um acto de gestão corrente da velha CP (antes da criação da Refer, hoje Infra-estruturas de Portugal), enquadrada num plano regular de manutenção pesada das vias- férreas, mas hoje em dia, como se viu esta segunda-feira, o concurso para esse tipo de obras tem direito a anúncio ministerial e até é apresentado como uma operação de modernização.

O projecto, estimado em 49 milhões de euros, resume-se a um trabalho de manutenção periódica para reposição dos parâmetros geométricos da via, sendo substituídos os carris, as travessas e o balastro, mas sem quaisquer ganhos em termos de velocidade. Na prática, serão trabalhos de manutenção pesada que se destinam a repor os níveis de segurança e qualidade da via, os quais estavam num ponto de degradação tão elevado que um relatório da Infra-estruturas de Portugal considerava este troço como um dos piores da rede ferroviária portuguesa.

É, aliás, por esse motivo que a CP vai reduzir a velocidade dos seus comboios neste troço, esperando-se um agravamento do tempo de percurso entre oito e dez minutos entre Lisboa e o Porto nos comboios mais rápidos. Contudo, quando começarem as obras – previsivelmente dentro de 18 meses – é possível que os comboios venham ainda a sofrer mais afrouxamentos.

Além da renovação da via, o projecto prevê também a eliminação de 18 passagens de nível (rodoviárias e pedonais) através da construção de 16 desnivelamentos, o alteamento e alargamento de plataformas de acesso de estações e apeadeiros, bem como a alteração de espaços das estações de Granja e Vila Nova de Gaia. Com vista a aumentar a capacidade dos comboios de mercadorias, está ainda prevista a criação de duas vias de resguardo com 750 metros.

As obras deverão começar em Junho de 2019, mas só entre Espinho e Gaia. Entre Ovar e Espinho será preciso esperar pelo segundo semestre de 2019 para ser lançado o concurso público a fim de que as obras tenham início em meados de 2020.

Segundo o Plano de Investimentos Ferroviários Ferrovia 2020, anunciado em Fevereiro de 2016 pelo mesmo ministro Pedro Marques, a totalidade do troço Ovar-Gaia deveria ter a contratação terminada no terceiro trimestre de 2017 para começar as obras no final desse ano. Na calendarização então apresentada, as obras estariam concluídas em Junho de 2019. Agora, o troço Espinho-Gaia poderá estar concluído em finais de 2020 e o Ovar-Espinho em 2021.

Entretanto, há pequenos investimentos que mitigam o mau estado da infra-estrutura na parte norte da Linha do Norte. Actualmente, está já em curso uma empreitada de sinalização electrónica e telecomunicações entre Ovar e Gaia, no valor de 18 milhões de euros, e decorre uma renovação integral de via num troço de cinco quilómetros entre Valadares e Gaia.

 

 

 

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