No primeiro treino da selecção, os portugueses ficaram à porta

Bruno Gomes, Pedro Lobito e Carlos Brum viajaram até à Rússia para apoiar Portugal, mas não tiveram bilhete para assistir à estreia nacional em Kratovo.

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Portugalidade não rima com Moscovo. Se até num passeio à concorrida Praça Vermelha é notícia ouvir falar português, num subúrbio da capital da Rússia menos se esperava tropeçar num veículo decorado por completo com as cores de Portugal. No entanto, no primeiro posto de controlo de segurança à entrada do centro de estágio do FC Saturn, o quartel-general português durante o Mundial 2018, encontra-se uma carrinha de mercadorias completamente pintada de vermelho e verde, com a frase “Força Portugal”. Após 13 dias de viagem e 5600 quilómetros percorridos, Bruno Gomes, Pedro Lobito e Carlos Brum chegaram finalmente a Moscovo na sexta-feira, mas ontem, quando se preparavam para assistir ao primeiro treino de Portugal em Kratovo, bateram com o nariz na porta: para ver os 23 escolhidos por Fernando Santos, era preciso bilhete.

Para se ter noção das proporções, no Euro 2016 Portugal escolheu como sua base os arredores de Paris, apontada como a segunda cidade do mundo com mais portugueses. Já numa metrópole como Moscovo, com mais de dez milhões de habitantes, a comunidade lusa não deve ultrapassar as três dezenas – sim, trinta pessoas. É certo que são esperados cerca de 20.000 adeptos de Portugal nos três jogos da selecção na fase de grupos do Mundial 2018, mas a estreia nacional só será dentro de quatro dias e em Sochi, a 1.600 quilómetros do quartel-general liderado por Fernando Santos. Há, porém, quem tenha feito um (grande) desvio para (tentar) ver o primeiro treino da equipa lusa em solo russo.

Bruno Gomes, Pedro Lobito e Carlos Brum percorreram quase seis mil quilómetros e demoraram perto de duas semanas para chegar à cidade do Kremlin. Tiveram que lidar com a burocracia russa – foram seis horas e meia só para entrar no país pela fronteira da Letónia -, mas, após ultrapassarem esse obstáculo, garantem que conheceram “gente boa” pelo caminho. “Os russos abordam-nos e revelam curiosidade pela carrinha, mas não encontrámos portugueses desde que cá chegámos”, diz ao PÚBLICO Bruno Gomes, o mais jovem do grupo.

Em passo apressado para chegar ao centro de estágio do FC Saturn, o açoriano Carlos Brum, de 61 anos, conta que o primeiro Mundial a que assistiu foi há 32 anos, no México, e agora garante que ficará até à final: “Temos o bilhete ‘follow your team’. Tirámos um mês de férias e vamos ficar até ao fim”. Com ou sem Portugal no jogo decisivo? “Vamos levar o caneco!”, proclamou Pedro Lobito.

O reencontro ficou marcado para a pequena bancada, onde haveria 150 lugares para jornalistas e igual número para adeptos, mas nunca aconteceu. A zelosa organização do estágio português exigia bilhete à entrada do treino e, por isso, os três adeptos não puderam entrar.

O que eles perderam foi um ambiente bem mais frio do que há dois anos, no Europeu de França, quando o trio pela primeira vez realizou em conjunto uma odisseia destas. Com chuva permanente e temperatura a rondar os 12 graus, os três primeiros jogadores entraram no bem tratado relvado em Kratovo, às 11h21. Na bancada, não houve qualquer reacção visível ao aparecimento de Bruno Alves, Pepe e Beto. Seis minutos depois, ladeado por Ricardo Quaresma, entrou Cristiano Ronaldo e só uma criança, a medo, gritou o seu nome. Para contornar a reserva russa, foi preciso que um adulto organizasse uma mini-claque de uma dúzia de jovens adeptos que, às suas ordens, entoaram “Cristiano”, “Ronaldo” e “Portugalia”.

Timidez à parte, participaram no primeiro treino português em Kratovo os 23 convocados por Fernando Santos. Durante cerca de 70 minutos, os jogadores foram divididos em dois grupos e, na parte final, houve tempo para uma “peladinha” onde a equipa vencedora contou com um trio de ataque formado por Quaresma (na direita), Ronaldo (na esquerda) e Gonçalo Guedes (ao centro). À margem ficou Rui Patrício, que, do outro lado do campo, fez treino específico numa baliza.

Nada disto foi presenciado por Bruno Gomes, Pedro Lobito e Carlos Brum. Os três portugueses já tinham ido embora.

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