Quando o azar bate à porta dias antes do início do Mundial

Argentina obrigada a trocar Lanzini por Enzo Pérez. Lesões de última hora são dor de cabeça para as selecções. Após falhar o Mundial 2014 e o Euro 2016, Marco Reus vai estar na Rússia

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Lanzini conversa com o seleccionador argentino Jorge Sampaoli, que foi obrigado a abdicar do jogador LUSA/Alejandro Garcia

Passar as semanas que antecedem o Mundial 2018 numa redoma? Qualquer jogador, árbitro, espectador ou jornalista com perspectivas de estar na Rússia veria com bons olhos essa protecção contra algum imprevisto. Mas o infortúnio de uns é a oportunidade de outros e, com o arranque do torneio a aproximar-se, só quem está em condições físicas poderá viajar. Que o diga o argentino Manuel Lanzini, lesionado com gravidade num joelho durante um treino, e que assim viu fugir a possibilidade de estrear-se num Campeonato do Mundo. O futebolista do West Ham foi substituído na convocatória por Enzo Pérez, ex-jogador do Benfica, actualmente no River Plate, e que até tinha sido titular na final do Mundial 2014, que a Argentina perdeu para a Alemanha.

Lanzini junta-se ao lote de azarados de última hora cuja ausência do Mundial na Rússia já está confirmada. Na selecção da Colômbia, o azar bateu à porta de Frank Fabra, lateral esquerdo do Boca Juniors. E o médio Alberto Quintero lesionou-se num encontro de preparação do Panamá, sendo substituído por Ricardo Ávila. Alguns outros jogadores poderão em breve ter o mesmo destino. Os responsáveis da selecção marroquina, adversária de Portugal no Grupo B do Mundial, colocaram de prevenção o defesa El-Hajjam, dadas as dúvidas sobre a condição física de Dirar. O polaco Kamil Glik, lesionado no ombro, foi dado como ausente do Mundial 2018 pelo próprio presidente da federação, Zbigniew Boniek. Mas o seleccionador Adam Nawalka não confirmou a indisponibilidade do defesa, mantendo a dúvida no ar. No Brasil, os lesionados Fred e Renato Augusto integraram a foto oficial da selecção, num sinal de que Tite não conta descartá-los.

Houve sérias dúvidas sobre a presença de Mohamed Salah no Mundial 2018, após a lesão sofrida pelo egípcio na final da Liga dos Campeões. O futebolista do Liverpool deslocou um ombro e teve de sair ainda durante a primeira parte do encontro que os “reds” perderam com o Real Madrid, provocando o alarme no país natal. Mas Salah está a recuperar e até poderá ser opção para o jogo de estreia, contra o Uruguai. “Estou melhor e tenho esperança de poder jogar a primeira partida”, disse em entrevista ao diário desportivo espanhol Marca. “Quando caí senti uma mistura de dor física e muita preocupação, também tristeza por não poder continuar a jogar a final da Champions. Depois pensei sobre a possibilidade de perder o Mundial, e isso foi devastador”, recordou o internacional egípcio.

Se há alguém calejado nestes incidentes devastadores, é o alemão Marco Reus. Falhou o Mundial 2014 (e depois também o Euro 2016) devido a lesões de última hora. “Enquanto futebolistas de topo, ganhamos muito dinheiro, mas por vezes também pagamos um preço elevado com a nossa saúde. Daria todo o meu dinheiro para sentir-me bem outra vez, para poder fazer o meu trabalho. Para fazer o que mais gosto: jogar futebol”, afirmava o alemão, numa entrevista à revista GQ, reflectindo sobre as lesões graves que têm marcado a sua carreira. Restabelecido fisicamente, Reus mereceu a confiança de Joachim Löw e poderá finalmente estrear-se num Mundial. Também na Alemanha encontramos a situação contrária: após uma época inteira lesionado (cumpriu apenas quatro jogos pelo Bayern), Manuel Neuer integrou a convocatória e vai vestir a camisola número 1 da Mannschaft.

A selecção portuguesa, que ontem chegou à Rússia, não teve lesionados de última hora – a maior contrariedade para Fernando Santos foi a indisponibilidade de Danilo, que já era conhecida desde o início de Abril. Há dois anos, antes do Euro 2016, o seleccionador tinha sido obrigado a abdicar de Bernardo Silva poucas horas antes de anunciar a convocatória.

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