Desde os 14 anos que Halep sonhava com o título em Roland Garros

A número um do ranking mundial superou a norte-americana Sloane Stephens na final, por 3-6, 6-4 e 6-1.

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REUTERS/Benoit Tessier

Simona Halep tinha 11 anos quando viu Justine Hénin triunfar pela primeira vez em Roland Garros. De pequena estatura, a romena depressa viu na belga, que viria a conquistar sete títulos do Grand Slam, a ídolo a seguir. Quando Hénin conquistou o terceiro de quatro títulos em Roland Garros, a romena começou a sonhar em imitá-la. Aos 16 anos, trocou Constanta, onde nasceu em 1991, por Bucareste, para aperfeiçoar o seu jogo, ofensivo a partir da linha de fundo, tal como a belga. Em 2014, seis anos depois de triunfar o torneio júnior de Roland Garros, Halep chegou à final do major francês, onde perdeu com a experiente Maria Sharapova. Os pensamentos negativos e as incertezas sobre a sua própria capacidade de se impor nos torneios maiores começaram a dominar a sua mente.

Recorreu ao experiente treinador Darren Cahill, mas este chegou a abandoná-la quando viu a sua falta de atitude num encontro, em Março de 2017. Chocada, Halep prometeu trabalhar bastante nesse aspecto. Chegou novamente à final de Roland Garros, onde foi surpreendida por Jelena Ostapenko. Mas os progressos estavam lá e terminou o ano no primeiro lugar do ranking. Apesar da derrota na final do Open da Austrália, em Janeiro, Halep chegou este ano a Paris mais positiva e orgulhosa do seu estatuto e foi graças a essa maior confiança em si que recuperou de um set e um break de desvantagem diante de Sloane Stephens para, à terceira tentaiva em Paris, erguer o seu primeiro troféu do Grand Slam. E logo a Taça Suzanne Lenglen, a mais desejada.

“No ano passado chorei a noite toda, mas continuei a trabalhar. A pressão agora saiu, nunca mais vou ficar stressada”, afirmou a romena de baixa estatura (tem 1,68m de altura, mas um centímetro que Hénin) e uma enorme determinação. A mesma que a levou, em 2008, a realizar uma cirurgia para reduzir o peito, o que a ajudou a tornar-se mais leve e ágil no court. Dois anos depois estava no top 100; em 2013, ganhou os primeiros torneios no circuito profissional; no ano seguinte, no top 10.

Na final deste ano, foi a inesperada finalista, Sloane Stephens, a deter uma vantagem de um set e um break, graças um ténis consistente, apoiado num serviço eficaz, sólida a defender e precisa a contra-atacar, em particular, com a sua forte direita. O início do segundo set parecia ditar o princípio do fim das esperanças de Halep. Mas foi nessa altura que a romena teve o maior mérito: aumentou ainda mais a sua agressividade, somou quatro jogos consecutivos – chegando a ganhar nove pontos seguidos – e inverteu completamente o sentido do encontro.

Uma dupla-falta (a única em todo o encontro) indicou uma quebra de rendimento de Stephens que, ao fim de uma hora de jogo, cedeu pela primeira vez o serviço. A campeã em título do Open dos EUA ainda reagiu e igualou, mas a 4-5 (30-30), acusou a pressão do marcador e precipitou a derrota.

Com o ascendente sobre a adversária, Halep soltou-se ainda mais e mostrou-se muito bem preparada para o momento. Manteve a mesma intensidade, dominou o controlo dos pontos e assumiu a iniciativa. No break-point, quando já vencia por 3-0, mostrou toda a sua vontade de ganhar, em contraste com uma Stephens já sem soluções. “Aquele ponto a 3-0 foi incrível. A 5-0, disse: 'Tens de aproveitar, não esperes que ela falhe’. No último jogo não conseguia respirar. Disse a mim própria que era normal, que tenho de aceitar estas emoções e que tenho de correr, correr, correr”, revelou Halep, após vencer, por 3-6, 6-4 e 6-1. E após suceder à compatriota Virginia Ruzici, campeã em Roland Garros 40 anos antes e agora sua agente.

Halep é a sétima vencedora consecutiva diferente no Grand Slam (sucedendo a Angelique Kerber, Serena Williams, Jelena Ostapenko, Garbiñe Muguruza, Stephens e Caroline Wozniacki) e a segunda estreante a triunfar num major em 2018, após Wozniacki, vitoriosa no Open da Austrália.

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