Fundação La Caixa vai apoiar zonas fronteiriças

Projecto "foi pensado para Portugal", diz Artur Santos Silva, curador da fundação. Iniciativa quer responder à necessidade de desenvolvimento das regiões mais deprimidas do país e à prioridade de cooperação transfronteiriça, que a última cimeira ibérica reafirmou.

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Nelson Garrido

A linha do país mais interior que começa em Vinhais e percorre os concelhos mais colados à fronteira até chegar a Almodôvar é o mapa de Portugal traçado pela Fundação Bancária La Caixa para o projecto “Dinamização de Regiões Fronteiriças”.

A iniciativa, a lançar esta quinta-feira pela fundação dona do CaixaBank e do BPI, visa apoiar empresas e associações empresariais, instituições do ensino superior e entidades privadas sem fins lucrativos, individuais ou em consórcio, presentes nestas regiões, que apresentem projectos-piloto inovadores.

“Não fomos à procura de correr toda a fronteira”, explica Artur Santos Silva, membro do conselho de curadores da fundação e presidente honorário do BPI. “O critério é a fragilidade, o menor desenvolvimento da região, mas por outro lado, com um potencial importante de relação com as instituições do ensino superior”. Ficam assim de fora zonas que são fronteiriças mas não cumprem todos os critérios (como o Alto Minho, Cávado, Tâmega, parte do Alentejo e todo o Algarve).

Estão abertas três grandes áreas temáticas a concurso para “projectos-piloto inovadores, estratégicos para o desenvolvimento das áreas onde se localizam”. São elas: acções de prevenção e riscos naturais, reforço das capacidades de adaptação às alterações climáticas e gestão eficiente de recursos, criação ou consolidação de novos pólos de especialização que atraiam recursos humanos qualificados e investimento a pensar na exportação e a atracção de novos residentes através de projectos com valia ambiental, patrimonial e paisagística.

Estas áreas traduzem-se, de acordo com o regulamento, em projectos de arquitectura e engenharia, actividades de I&D, concepção, montagem e testagem de sistemas de monitorização, experimentação e testagem de tecnologias para soluções inovadoras, acções de formação, iniciativas culturais e artísticas de âmbito internacional e acções de promoção externa.

Santos Silva adianta que a iniciativa foi construída de raiz para Portugal, com a participação de dois conhecidos especialistas em planeamento estratégico e território, Félix Ribeiro e João Ferrão, na sequência de vários trabalhos nestas áreas. “Em Espanha não se fez nada comparável. Foi pensado para Portugal”.

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Para o projecto vencedor de cada uma das três grandes áreas temáticas, o prémio pode ir até ao máximo de 100 mil euros. Nos critérios de pontuação, serão valorizadas as candidaturas “com componente eminentemente imaterial”, com ideias que “sejam replicáveis para outras regiões com características semelhantes” e de dimensão transfronteiriça.

Na última cimeira luso-espanhola, realizada em Maio do ano passado, “a agenda ibérica pôs em primeiro lugar a intensificação do relacionamento transfronteiriço”, sublinha Santos Silva.

Nos próximos três anos, a Fundação La Caixa promete novas edições desta iniciativa, acompanhará os projectos financiados e, no final deste período, avaliará os resultados que ditarão o futuro desta experiência.

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