Associação de apoio a homens vítimas de abuso sexual ajudou 75 pessoas no primeiro semestre

Presidente da associação diz que é ainda mais difícil para os homens denunciarem os crimes do que as mulheres.

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MIGUEL MANSO

A associação Quebrar o Silêncio, que apoia homens vítimas de abuso sexual, um fenómeno que afecta um em cada seis homens, ajudou 75 pessoas no primeiro semestre deste ano, mais do que em todo o ano de 2017. 

"Representa o investimento que temos feito na visibilidade e demonstra o quão a associação começa a ser reconhecida como entidade que dá apoio a homens vítimas de abuso sexual", adiantou Ângelo Rodrigues, presidente da associação.

Dados da Quebrar o Silêncio mostram que a maior parte dos 75 pedidos de apoio (65%) são referentes a homens sobreviventes de abuso sexual, mas há também pedidos feitos por familiares, amigos ou ainda mulheres de vítimas, já que "o abuso sexual afecta pessoas amigas e familiares, mesmo que indirectamente". Ângelo Rodrigues defendeu que falta quebrar preconceitos e "trabalhar a consciência da população em geral sobre esta realidade".

"Quando vamos às escolas, aos encontros, as pessoas ficam muito surpreendidas quando sabem que um em cada seis homens é vítima de abuso sexual. São números que as pessoas não estão à espera porque ainda existe esta ideia de que só as mulheres podem ser vítimas de abuso sexual", apontou.

Segundo Ângelo Rodrigues, continua a existir uma certa ideia de "papel tradicional de masculinidade", que leva à construção de estereótipos como o de que os homens nunca podem ser vítimas de abuso sexual, e que demonstra a necessidade de continuar a desconstruir essa masculinidade.

O presidente da Quebrar o Silêncio adiantou, no entanto, que "os homens já começam a ser mais confiantes" em recorrer à associação, isto apesar de ainda ser "muito difícil" denunciar o crime. "Se para as mulheres é difícil, para os homens é muito mais", rematou.

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