Exposição: como vivem os portugueses no Luxemburgo?

“Recriar — Portugueses do Luxemburgo” é uma compilação de trabalhos de quatro fotógrafos: dois luxemburgueses e dois portugueses. Para ver na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, até 30 de Junho

Sven Becker
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Paulo Lobo
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A exposição fotográfica Recriar — Portugueses do Luxemburgo, que documenta vários aspectos da imigração no Grão-Ducado, quer "mostrar aos portugueses como vivem os seus compatriotas no estrangeiro", disse à Lusa a curadora, Atena Abrahimia. A mostra, inaugurada esta quinta-feira, 7 de Junho, na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, reúne imagens de quatro fotógrafos, dois luxemburgueses e dois portugueses, sobre vários aspectos da vida dos imigrantes no Grão-Ducado.

"Trazer estas imagens a Portugal é importante. No Luxemburgo são imagens familiares, mas é importante mostrar aos portugueses", defendeu Atena Abrahimia, a preparar actualmente uma tese sobre a imigração portuguesa, na Universidade Católica, em Lisboa. Filha de imigrantes iranianos no Luxemburgo, a jovem estudante, de 24 anos, contou à Lusa que sempre a "fascinou" haver tantos portugueses "num país tão pequeno, sem mar, tão diferente de Portugal", tendo decidido dedicar a tese de mestrado a esta comunidade, que representa cerca de 16% da população do Grão-Ducado.

O título da exposição (Recriar) é uma alusão à forma como os primeiros imigrantes procuraram manter tradições portuguesas no Luxemburgo. "Quando se mudaram para o Luxemburgo, os portugueses, tal como muitos outros imigrantes, importaram os seus hábitos, cultura e actividades. Pretendiam recriar uma vida semelhante à portuguesa no país de acolhimento", tendo "aberto os seus próprios restaurantes, cafés e empresas" e criado "as suas próprias associações, clubes de futebol [e] grupos de danças folclóricas", pode ler-se no texto do catálogo da exposição, assinado por Atena Abrahimia.

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A organizadora aponta ainda que a vida "entre duas ou mais culturas" pode resultar num sentimento "de não pertença", tanto no país de acolhimento como no país de origem. A exposição pretende examinar, "através da fotografia, os desafios de identidade e pertença" desta comunidade, mostrando vários aspectos da vida dos portugueses no Luxemburgo.

O luxemburguês Sven Becker, fotojornalista no semanário Lëtzebuerger Land, apresenta Campeão, uma série de fotografias que mostram "milhares de fãs eufóricos por todo o país" com a vitória de Portugal no Campeonato da Europa, em 2016. Em Última Estação: Esperança, a fotógrafa independente Jessica Theis acompanhou duas famílias portuguesas que chegaram ao Luxemburgo na última década, forçadas a emigrar pela crise. O fotógrafo Paulo Lobo, responsável da revista luxemburguesa Wunnen e membro do colectivo Street Art Photography Luxembourg, assina Coração de Aço, sobre as várias gerações de portugueses que vivem em Differdange, uma localidade ligada no passado à produção siderúrgica, no sul do país, e onde 34% da população é portuguesa. Já Bruno Oliveira, que chegou ao Luxemburgo com um ano, apresenta a série Saudade, fotografias sobre a vida privada dos portugueses, além de imagens do Rancho Folclórico Juventude Portuguesa de Dudelange, fundado em 1979, que organiza todos os anos as Marchas de Santo António, aponta o catálogo.

A exposição, que conta com o apoio da Embaixada do Luxemburgo em Portugal, é inaugurada às 19h desta quinta-feira, na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, e pode ser vista até 30 de Junho.

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