Parceria do Facebook com empresas chinesas levanta preocupações de segurança

A Huawei, uma marca desaconselhada pelas agências de segurança dos EUA, é uma das fabricantes com acesso privilegiado aos dados dos utilizadores.

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Congressistas americanos pediram mais transparência ao Facebook Reuters/JON NAZCA

Havia pelo menos quatro grandes empresas chinesas entre as marcas de telemóveis e outros aparelhos às quais o Facebook deu acesso privilegiado aos dados dos utilizadores. A revelação veio juntar questões de cibersegurança às falhas de privacidade, particularmente nos EUA.

Pressionado pelas revelações desta semana de que fez parcerias com pelo menos 60 fabricantes, o Facebook reconheceu que nesta lista estão a Huwaei, a Lenovo, a OPPO e a TLC, ao abrigo das quais estas podiam aceder à informação dos utilizadores e das respectivas redes de amigos, com o objectivo de integrar funcionalidades do Facebook nos aparelhos.

Nos EUA, que acusam frequentemente a China de ciberespionagem e tentativas de sabotagem informática (algo que Pequim nega), a novidade levantou um novo conjunto de preocupações. A Huawei é a terceira maior fabricante de smartphones do mundo, atrás da americana Apple e da sul-coreana Samsung, com uma quota de mercado em torno dos 10%, segundo números da analista IDC. A empresa já motiva há muito suspeitas por parte das agências de informação americanas e, em Fevereiro, os líderes de seis delas – entre as quais o FBI, a CIA e a Agência Nacional de Segurança – desaconselharam em uníssono o uso de aparelhos desta marca.

Já a Lenovo é uma fabricante de computadores que disputa o primeiro lugar neste mercado com a americana HP. A OPPO é uma marca de telemóveis e outros aparelhos, popular sobretudo em alguns países asiáticos e que é a quinta maior em todo o mundo, com uma quota de 7% do mercado de smartphones. A TLC é uma multinacional à escala global, que fabrica aparelhos que vão de telemóveis a máquinas de lavar.

A novidade suscitou novas críticas sobre as práticas do Facebook, que já tem estado debaixo de fogo nos últimos dias, depois de o jornal The New York Times ter noticiado que pelo menos 60 empresas (incluindo a Apple, Samsung, Microsoft e Amazon) tinham, ou ainda têm, acesso privilegiado a dados.

“Claramente, a parceria da empresa com empresas tecnológicas chinesas e outras devia ter sido revelada perante o Congresso e o povo americano. Encorajamos veementemente uma transparência total por parte do Facebook e de toda a comunidade tecnológica”, escreveram os dois congressistas que encabeçam o Comité da Energia e Comércio, um dos comités que em Abril questionaram Mark Zuckerberg no Congresso dos EUA.

Agora que as aplicações do Facebook já são presença habitual nos telemóveis de muitos utilizadores, a rede social cancelou algumas destas parcerias e está a limitar o alcance de outras, como é o caso da parceria com a Huawei. De acordo com a agência Reuters, a empresa também disse estar disponível para responder às preocupações daquele comité.

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