É só desigualdades

Por trás da igualdade de género está a velha ideia da igualdade de oportunidades. Do ponto de vista competitivo a igualdade de oportunidades é sempre desejável. O problema é que não existe.

É um prazer debater com João Miguel Tavares, porque ele pensa e está sempre disposto a  mudar de opinião. Está aberto à persuasão e sabe que o debate em si, mesmo que todos fiquem com as mesmas ideias, é saudável, divertido e inspirador.

Na última crónica meteu-se comigo com o fair play do costume por causa da igualdade de género, vendo-a como uma causa esquerdista. É verdade que a esquerda é mais favorável à igualdade de género do que a direita, mas a igualdade de género é um conceito que vem do liberalismo e não do socialismo.

Não sei porque é que os liberais deixam que a esquerda se apodere de causas que pertencem à família liberal. Se o liberalismo estivesse de boa saúde, poderia dar-se ao luxo de se estar nas tintas. Mas isso não é infelizmente o caso.

Por trás da igualdade de género está a velha ideia da igualdade de oportunidades. Do ponto de vista competitivo a igualdade de oportunidades é sempre desejável. O problema é que não existe. Tanto se pode ser conservador como socialista para defender todas as políticas que ajudam a minimizar a efectiva desigualdade de oportunidades que existe mesmo nas democracias liberais mais avançadas, como as escandinavas.

O sexismo, tal como o racismo, está profundamente enraizado na nossa cultura, ao ponto de não fazer sentido falar neste indivíduo ou naquele. Está nas instituições, está na nossa língua, está no ensino, está em toda a parte. Haver menos um racista ou menos um sexista não faz diferença nenhuma. Ouvir e estudar faz.

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