Finalistas da NBA recusam-se a visitar a Casa Branca

Seja quem for que ganhe a final, uma coisa é certa: Cavaliers e Warriors não querem encontrar-se com Donald Trump, que retirou o convite aos campeões da NFL.

Foto
"Há tantas coisas em que acreditamos, enquanto norte-americanos, que ele [Donald Trump] não representa. (...) Enquanto for Presidente, estas coisas vão continuar a acontecer", garantiu Lebron James LUSA/JOHN G. MABANGLO

A Liga Norte-Americana de Basquetebol (NBA) e a Casa Branca continuam de candeias às avessas. A habitual visita dos campeões da NBA à sede da Presidência dos EUA não deverá realizar-se, tal como aconteceu em 2017, e seja qual for a equipa que venha a conquistar o título. “Há muitas coisas em que acreditamos, como americanos, e sentimos que [o Presidente Donald Trump] não as defende”, diz LeBron James, dando voz aos muitos atletas que não se sentem representados pelo inquilino da Casa Branca.

Comentando a decisão de Trump, que retirou o convite dirigido aos campeões de futebol americano, os Eagles de Filadélfia, depois de estes terem demonstrado falta de interesse na visita à Casa Branca, LeBron James classificou a atitude do Presidente como “típica”. “Essa reacção dele não me surpreende”, prosseguiu, rejeitando logo uma recepção em Washington: “Seja qual for a equipa que ganhe [a final da NBA], sei que ninguém quer ir.”

Em 2017, quando os Golden State Warriors venceram a competição e mostraram pouco entusiasmo numa recepção na Casa Branca, Trump anulou então o convite aos campeões da NBA – tal como fez agora com os Eagles. E Stephen Curry, um dos principais jogadores dos Warriors, assegura que se a equipa da Costa Oeste revalidar o título, a história vai repetir-se. “Concordo com o LeBron”, disse Curry. “Tenho a certeza que, depois da forma como lidámos com as coisas no ano passado, vamos manter-nos coerentes.”

Os Warriors não foram os primeiros basquetebolistas a recusar um convite da Casa Branca. Depois das finais de 1984, Larry Bird (Boston Celtics) não acompanhou a equipa até Washington, recusando o convite do então Presidente Ronald Reagan. “Se o Presidente quiser estar comigo, sabe onde pode encontrar-me”, ironizou. Sete anos depois, Michael Jordan também recusou um convite de outro Presidente eleito pelos Republicanos, George Bush (pai). O melhor jogador da NBA na altura preferiu jogar golfe, em Hilton Head, na Carolina do Sul.

Depois disso, houve outros casos – e nem sempre envolveram Presidentes republicanos. Barack Obama, eleito pelo Partido Democrata, teve de lidar com recusas de jogadores da NFL e também da liga de hóquei no gelo (NHL). Porém, nenhum destes episódios reflectiu uma divisão tão notória entre atletas de alta competição e a Presidência, como agora acontece com Donald Trump, sobretudo depois de este ter insultado alguns jogadores da NFL por se terem ajoelhado quando se ouvia o hino, em sinal de protesto contra a desigualdade racial nos EUA.

Na terça-feira, numa conferência de imprensa de antevisão do próximo jogo da final da NBA, LeBron James apontou o dedo a Trump, quando questionado sobre o facto de o fosso que separa o Presidente e os atletas ter vindo a crescer desde então. “Julgo que enquanto ele estiver na Presidência, esta forma de agir e de comunicar vai continuar”, argumentou.

O treinador dos Warriors, Steve Kerr, também abordou esta polémica que envolve a retirada do convite aos Eagles, responsabilizando Trump. “Não me surpreende. O Presidente tornou bem claro que vai tentar dividir-nos, para obter ganhos políticos. Penso que todos ansiamos pelo dia em que podemos voltar a festejar as conquistas desportivas”, como antigamente.

Texto editado por Victor Ferreira

Sugerir correcção
Ler 3 comentários