Portugal "dificilmente" vai conseguir cumprir metas sobre resíduos em dois anos

Para cumprir os objectivos fixados, Governo quer avançar com medidas de apoio ao investimento na recolha selectiva, a revisão do plano dos resíduos sólidos urbanos e um conjunto de projectos do sistema "Pay As You Throw", em que o consumidor paga consoante a quantidade de lixo que produz.

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Cada cidadão em Portugal continental produziu 1,32 quilogramas de lixo por dia, em 2017, totalizando 4,75 milhões de toneladas, mais 2,3% que no ano anterior NELSON GARRIDO

O ministro do Ambiente mostrou-se nesta terça-feira preocupado por Portugal estar longe das metas de deposição de resíduos em aterro, de reciclagem e reutilização, mas espera melhores resultados nos próximos dois anos com a concretização de projectos que estavam parados.

"Estou preocupado por ainda estarmos longe de atingir essas metas [de deposição de lixo em aterro e de reciclagem e reutilização] metas essas que, temos de reconhecer, muito dificilmente conseguimos cumprir nos próximos dois anos", disse João Matos Fernandes.

O responsável respondia a questões dos jornalistas à margem da sessão de apresentação do Relatório do Estado do Ambiente (REA) de 2017, que reúne 51 indicadores, dos quais 28 são dados novos, uma iniciativa que se integra nos eventos do Dia Mundial do Ambiente, assinalado nesta terça-feira.

As metas foram definidas e "não foi este Governo responsável por isso" nem pelo que o que se fez para as cumprir na altura, acrescentou.

Segundo o REA, cada cidadão em Portugal continental produziu 1,32 quilogramas de lixo por dia, em 2017, totalizando 4,75 milhões de toneladas, mais 2,3% que no ano anterior, tendo a deposição de resíduos urbanos biodegradáveis em aterro aumentado para 43%, mais dois pontos percentuais.

"Temos mesmo de, sobretudo, reutilizar e reciclar mais os resíduos que produzimos", insistiu o ministro.

O aumento da produção de resíduos é uma consequência do aumento do bem-estar das famílias, apontou, recordando que se registou um acréscimo da capacidade de produzir mais utilizando menos matérias-primas.

Pagar consoante a qualidade de lixo produzido

Seguindo os princípios na economia circular, "parece evidente que as empresas já percebem o valor que isso pode ter e encontram outras matérias secundárias naquilo que produzem", defendeu João Matos Fernandes.

"Objectivamente, a taxa de reutilização e reciclagem não cresceu este ano [2017], é igual àquela do ano anterior, sabemos que por um conjunto de queixas interpostas [na Concorrência, em Bruxelas] não foi possível aprovar as candidaturas no tempo em que queríamos, sobretudo da recolha selectiva e essa questão foi ultrapassada já por este Governo", explicou.

As candidaturas foram aprovadas e estão em curso, por isso, "acreditamos que dentro de dois anos teremos muito melhores resultados que hoje", realçou.

Para cumprir os objectivos fixados nesta área, estão a avançar medidas como o apoio ao investimento na recolha selectiva, a revisão do plano dos resíduos sólidos urbanos – a apresentar este verão – e um conjunto de projectos do sistema "Pay As You Throw" (PAYT), em que o consumidor paga consoante a quantidade de lixo que produz.

João Matos Fernandes insistiu no esforço da educação ambiental, para que as pessoas não deixem de sentir-se responsáveis, já que "a decisão acerca do consumo é de cada cidadão".

É preciso um consumo mais consciente e mudança de comportamentos, concluiu, nomeadamente no que respeita à utilização de produtos como palhinhas, copos ou talheres de plástico.

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