Disney, podes fazer o favor de parar?

A imagem, a fotografia, o filme, o cinema, devem dar-nos acima de tudo incerteza.

Vi a saga Star Wars dezenas de vezes. Dezenas! E estou a ser comedido.

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Vi a saga Star Wars dezenas de vezes. Dezenas! E estou a ser comedido.

Grande parte delas foi antes do lançamento dos três segundos filmes que afinal são os três primeiros da saga. Os três últimos, dos quais dois já vieram a público, também os vi.

Para além destes há agora os filmes que nascem das personagens dos filmes originais e que ganham assim uma história própria.

Com tanto filme eu diria: parem! Não estraguem. Não mexam. Há coisas que devem ficar assim. Como eram, como são e como deveriam ser. Inventar filmes e personagens não é bom para os três primeiros filmes que afinal eram os três do meio. Nada bom! Perde-se a magia, perde-se o encanto, perdem-se as tentativas para adivinhar o que os novos filmes trouxeram.

A imagem, seja ela estática ou em movimento, tem tanto de magia quanto maior for a dimensão da sua incerteza.

A imagem, a fotografia, o filme, o cinema, devem dar-nos acima de tudo incerteza. Devem dar-nos capacidade especulativa. Devem dar-nos pólvora para a nossa imaginação.

A beleza da imagem reside no que não está lá. Reside no que não se vê. Reside no que não existe.

É esta a beleza que as sagas do género de Star Wars nos dão. Projectam-nos para um mundo imaginário que construímos a partir do que se vê. Dão-nos a possibilidade de viver um imaginário desenhado por nós a partir dos cenários que vemos, que absorvemos.

E nada há a fazer, ou a viver, quando nos matam o cenário do nosso imaginário com um sem fim de cenários que são nada mais nada menos que reinvenções dos cenários existentes.

E pergunto se não será caso para dizer: Disney, podes fazer o favor de parar?

O autor escreve em desacordo ortográfico