Japão quer frota de carros autónomos nos Jogos Olímpicos de 2020

Tecnologia deve ajudar as empresas do país a lidar com a diminuição da população activa e a garantir que há transportes a funcionar mesmo em zonas com menos pessoas.

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Em Dezembro, a japonesa SoftBank começou a demonstrar um serviço de carrinhas autónomas em Tóquio Reuters/Issei Kato

O governo japonês quer ter uma frota de carros autónomos, sem condutor, a funcionar como uma opção de transporte público durante os jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio. A estratégia foi anunciada pelo primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, esta segunda-feira.

O sistema – que deve começar a ser testado ainda antes do final do ano – faz parte do objectivo do país de construir um “sistema de transporte interactivo”, como parte de uma “sociedade conectada”, em que os carros autónomos escolhem as melhores rotas e permitem cidades mais ecológicas, com menos carros nas estradas. Além disso, este tipo de transporte ajudará a mobilidade de uma população mais idosa e com uma esperança de vida cada vez maior. Deve estar pronto a ser comercializado em 2022.

Desde que chegou ao poder em 2012, Shinzo Abe tem tentado resolver os problemas do envelhecimento populacional no Japão (e a consequente diminuição da população activa), ao promover a entrada de mais mulheres no mercado de trabalho, diminuir a diferença salarial entre homens e mulheres, abrir as portas a mais talento do estrangeiro, e estimular o desenvolvimento da inteligência artificial.

Em 2018, estimativas do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão mostram que as pessoas com mais de 75 anos compõem mais da metade da população idosa do país (que, por sua vez, é 14% da população total), mostrando a necessidade em desenvolver mecanismos para assegurar cuidados e transporte da população. Dados do primeiro trimestre de 2018 mostram que a economia do país contraiu pela primeira vez desde 2016, acabando o maior período de crescimento económico do país desde a década de 1980.

Desenvolver rotas de carros autónomos deverá ajudar as empresas do país a lidar com a diminuição da população activa, e a garantir que há transportes a funcionar mesmo em zonas com menos pessoas. 

O Japão não é o único país a investir na tecnologia de carros autónomos. Desde Abril que, na Califórnia, EUA, já não é preciso um humano ao volante dos carros autónomos. Na Europa, a Alemanha, que é um país com uma forte indústria automóvel, elaborou recentemente um conjunto de regras éticas e definiu que os carros autónomos devem sempre poupar o máximo número de vidas possível em caso de acidente. Os carros autónomos também estão a chegar à Península Ibérica, com os governos de Portugal e Espanha a juntar esforços para criar corredores de teste de veículos autónomos e conectados (um entre Porto e Vigo, e outro entre Évora e Mérida).

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