Kasatkina, a outra russa nos quartos-de-final

Nascida em 1997, Kasatkina tem apresentado um vasto leque de recursos e promete um embate interessante com Stephens.

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Reuters/CHARLES PLATIAU

Desde que pela primeira vez viu Daria Kasatkina jogar, Philippe Dehaes não teve dúvidas quanto ao seu potencial. Dos vários aspectos que tem vindo a trabalhar nos últimos meses, há um que o deixou feliz nos torneios que antecederam Roland Garros: a tenista russa não o chamou ao court para receber conselhos, embora seja permitido segundo as regras do circuito feminino. “Estou super orgulhoso. O principal objectivo para esta rapariga é vencer um dos quatro Grand Slams e aí não é permitido o ‘on-court coaching’”, adiantou Dehaes. Para já, Kasatkina estreia-se nos quartos-de-final de um torneio do Grand Slam, após eliminar a número dois do ranking, Caroline Wozniacki.

“Claro que com o serviço em ‘kick’, a direita em ‘topspin’, o amortie e as bolas ‘cortadas’ pode fazer magia. Eu só lhe digo: tens de fazer a coisa certa no momento certo”, frisou Dehaes. E foi o que Kasatkina (14.ª no ranking) fez para vencer Wozniacki, por 7-6 (7/5), 6-3, em encontro interrompido na véspera a 3-3 do segundo set. E nem mesmo o facto de terem recomeçado no imponente court Philippe Chatrier em vez do Suzanne Lenglen, onde tinham começado na véspera, afectou a russa, que ganhou os três jogos aí disputados.

“Sempre que ganhamos experiência, isso reflecte-se nos encontros seguintes, nos torneios seguintes. Fico contente por ganhar esta experiência o mais cedo possível; penso que estou a aprender rápido a lidar com estas situações críticas”, explicou Kasatkina.

Se foi uma surpresa ver a campeã do Open da Austrália e número dois do ranking ser já eliminada nos oitavos-de-final, mais normal é ver avançar no quadro Kasatkina, uma jogadora que já acumula 10 vitórias no último ano e meio sobre adversárias do top 10, incluindo duas sobre a mesma Wozniacki – em São Petersburgo e Indian Wells, sem ceder qualquer set –, mas também sobre Simona Halep, actual líder do ranking, e as detentoras dos outros títulos do Grand Slam: Jelena Ostapenko (Roland Garros), Garbiñe Muguruza (Wimbledon) e Sloane Stephens (Open dos EUA).

A maturidade acumulada nestes embates e a qualidade do seu ténis, onde uma forte direita sobressai de um vasto leque de opções, onde se incluem amorties e mudanças de ritmo, fazem de Kasatkina uma jogadora perigosa, mas também espectacular, prometendo um bom quarto-de-final com Stephens.

Kasatkina é a quarta jogadora nascida em 1997 a chegar aos quartos de um major, depois de Belinda Bencic (Open dos EUA de 2014), Ana Konjuh (Open dos EUA de 2016) e Jelena Ostapenko (Roland Garros de 2017).

Por outro lado, foi cancelado foi o muito aguardado duelo entre Serena Williams e Maria Sharapova. A norte-americana, de regresso à competição após ter sido mãe em Setembro, desistiu do torneio devido a uma lesão num músculo peitoral. Sharapova, vencedora em 2012 e 2014, avançou assim para os quartos-de-final, onde vai encontrar a campeã de 2016, Garbiñe Muguruza. A espanhola só esteve 20 minutos em campo, já que Lesia Tsurenko abandonou por lesão, no terceiro jogo. No outro “quarto”, a actual líder do ranking, Simona Halep, defronta a ex-número um, Angelique Kerber.

Horas extra no quadro masculino

A contrastar, houve duas maratonas de cinco sets no quadro masculino. Na primeira, de praticamente quatro horas, Diego Schwartzman (12.º), de 1,70m, derrubou Kevin Anderson (7.º), de 2,03m, ao fim de cinco sets: 1-6, 2-6, 7-5, 7-6 (7/0) e 6-2.

“Li David e Golias na escola quando era novo e tento pensar nisso quando vejo Kevin ou tipos com dois metros de altura. Sem dúvida que foi um dos encontros mais emocionais que disputei”, disse o argentino de 25 anos, após um encontro em que bateu vários recordes pessoais: venceu depois de perder os dois sets iniciais; derrotou um top 10 em terra batida; e estreia-se nos quartos-de-final de Roland Garros – igualando o resultado em Grand Slams, alcançado no último Open dos EUA..

Anderson liderou por 6-1, 6-2, 5-3, e serviu para fechar o encontro por duas vezes, em ambas quando liderava por 5-4, no terceiro e quarto sets. O final da quarta partida foi ainda mais dramático para o sul-africano, pois não ganhou nenhum ponto no tie-break, em que cedeu com uma dupla-falta.

Schwartzman vai agora defrontar Rafael Nadal que, um dia depois de o espanhol soprar 32 velas num bolo oferecido pela organização do torneio, dominou o alemão Maximilian Marterer (70.º), por 6-3, 6-2 e 7-6 (7/4).

Marin Cilic (4.º) levou mais de três horas e meia para ultrapassar Fabio Fognini (18.º), por 6-4, 6-1, 3-6, 6-7 (4/7) e 6-3, e vai agora defrontar outro “gigante”, Juan Martín del Potro.

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