Porto contra os despejos: do adeus ao quiosque à luta pela habitação

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A chuva ameaçou estragar os planos, mas fez-se quase invisível à hora certa. Era dia de "festa de encerramento" do quiosque amarelo que desde 2016 se tornou casa das Worst Tours no Porto e se fez símbolo de uma cidade onde cabiam todos os projectos (mesmo que se tratasse apenas de um metro quadrado). E era dia de "churrasco" na Cordoaria, em união contra os despejos no centro histórico. O quiosque, confirmou a Câmara do Porto ao P3, vai mesmo ser "retirado"da esquina da Avenida Rodrigues de Freitas com a Rua D. João IV. E ainda que isso não signifique o fim das Worst Tours, os passeios pelo lado menos turístico da cidade, poderá ser um ponto final numa ideia que vingou nas últimas semanas: ter um espaço aberto a participações e intervenções de todo.

 

O quiosque amarelo, forrado a recortes de jornal, cartazes, panfletos (e tudo quanto quem passasse quisesse colar), tornou-se preto no seu último dia de vida, 31 de Maio. Vestido de luto, tal como muitos dos presentes na "festa". Houve um andor a passear um mini-quiosque improvisado em cartão e uma fogueira para o queimar, houve cartazes, música e uma ideia difundida: o quiosque pode ser despejado, as ideias dele não. Noutro ponto da cidade, não muito longe dali, montavam-se os fogareiros e comia-se qualquer coisa em troca de pincéis, tintas, cartão e tudo o mais que pudesse ser útil para fazer cartazes. Pintaram-se alguns (e com palavras de ordem em línguas estrangeiras) e marcou-se uma oficina para este sábado, dia 2 (16-20h) na Assembleia de Moradores da Vitória, onde se preparará material para a concentração de dia 9 de Junho em frente à Câmara do Porto. Contra os despejos. Por outra cidade.