Papa pede a igreja chilena para acabar com "cultura do abuso e do encobrimento"

O Papa Francisco receberá entre esta sexta-feira e domingo sete vítimas do padre pedófilo Fernando Karadima, que durante décadas abusou de jovens sem sofrer quaisquer consequências.

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O papa Francisco LUSA/ANGELO CARCONI

O Papa Francisco exortou esta quinta-feira a Igreja Católica chilena a "criar espaços onde a cultura do abuso e do encobrimento não seja o esquema dominante", numa carta divulgada pela Conferência Episcopal do Chile.

"A cultura do abuso e do encobrimento é incompatível com a lógica do Evangelho e a salvação oferecida por Cristo é sempre uma oferta (...) Nunca é por coacção ou por obrigação", diz o Papa na carta enviada aos chilenos.

"Vergonhosamente, devo dizer que não soubemos escutar e reagir a tempo" face aos escândalos de abusos sexuais dentro da igreja chilena, reconheceu o Papa na missiva.

Francisco, que recebe entre sexta-feira e domingo sete novas vítimas do padre pedófilo Fernando Karadima, anunciou recentemente "mudanças" a curto, médio e longo prazo para restaurar "a justiça" na Igreja chilena, depois de ter lido as conclusões de uma investigação que mandou fazer sobre os abusos sexuais cometidos pelo clero.

O Papa convocou recentemente os bispos chilenos para falarem no Vaticano sobre o silêncio da Igreja chilena perante os abusos cometidos durante décadas pelo padre Karadima, um influente e emblemático sacerdote de um bairro rico de Santiago que durante décadas abusou sexual e psicologicamente de jovens.

Na reunião os 34 sacerdotes que foram a Roma reconheceram "erros e omissões graves" em enfrentar a situação e decidiram colocar os cargos à disposição de Francisco, que decidirá nas próximas semanas.

O porta-voz do Vaticano, Greg Burke, disse esta quinta-feira que a equipa de investigadores que expôs o caso dos abusos sexuais em larga escala e o encobrimento da Igreja Católica chilena vai voltar ao país para uma missão pastoral. A visita de Charles Scicluna e de Jordi Bertomeu, disse Greg Burke, não é de natureza investigativa, mas pastoral e faz parte do esforço do Papa Francisco de ajudar o Chile no escândalo de abusos. O relatório de Scicluna e Bertomeu, com 2300 páginas, detalha décadas de abusos e encobrimento da Igreja chilena.

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