O custo da desigualdade de género? 130 biliões de euros em capital humano, diz Banco Mundial

Os investigadores concluíram que a desigualdade de género fazia com que os países perdessem em média 14% da sua riqueza nacional. Os salários mais altos teriam benefícios a curto prazo, mas poderiam ajudar também a reduzir a mortalidade infantil e os níveis de subnutrição.

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As mulheres são muitas vezes reencaminhadas para “trabalhos informais não pagos” DARREN STAPLES/reuters

Se a desigualdade de género não existisse, “os países conseguiriam aumentar a prosperidade do capital humano” – a valorização económica gerada a partir dos atributos de um trabalhador – e evitar uma perda de 160 biliões de dólares em capital humano, o equivalente a 136 biliões de euros, afirma um estudo publicado este mês pelo Banco Mundial. Intitulado “Potencial desconhecido: o elevado custo da desigualdade de género nos rendimentos”, o documento foca-se na perda de riqueza nos países devido à desigualdade que existe entre homens e mulheres nos salários e no mercado de trabalho.

O relatório refere que muitas mulheres ficam presas numa “armadilha de produtividade, em parte devido às normas sociais que as reencaminham para trabalhos informais não pagos”. Para aumentar os rendimentos das mulheres e, consequentemente, o capital humano, é preciso investir desde a infância, “assegurando que tanto as mulheres como os homens têm igual acesso a oportunidades e recursos”.

Com base em dados relativos a 141 países, o estudo defende que um pagamento mais justo permitiria ainda baixar as taxas de subnutrição e de mortalidade infantil. Os economistas que analisaram dados quanto à educação e habilidades dos trabalhadores concluíram que, só pela parte relativa à desigualdade de género, os países perdem em média 14% da sua riqueza nacional.

“Ao olhar para 141 países, que corresponde a grande parte do mundo, pudemos ver que, basicamente em todo o lado, as mulheres ganham menos do que os homens. Portanto calculámos quanta mais riqueza existiria a nível mundial se as mulheres ganhassem o mesmo que os homens pela mesma vaga, e pelo mesmo número de horas trabalhadas”, resume o economista e autor do estudo, Quentin Wodon, em declarações ao jornal britânico The Guardian.

“A mensagem importante aqui é que toda a gente beneficiaria de salários mais altos – não só as mulheres”, acrescenta ainda Wodon, referindo que “quanto mais alta a qualidade de vida, menor a pobreza”.

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