EUA avança com taxas sobre aço e alumínio da UE, Canadá e México

A administração liderada por Donald Trump concretizou as ameaças que vinha fazendo e suspendeu a isenção de direitos aduaneiros nas importações de União Europeia, Canadá e México.

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Reuters/JOSHUA ROBERTS

O Departamento do Comércio norte-americano suspendeu a isenção dos direitos de importação de aço e alumínio da União Europeia, Canadá e México, numa decisão que eleva as tensões comerciais e provocará represálias dos parceiros.

“Decidimos não estender a excepção para a União Europeia, Canadá e México, pelo que estarão sujeitos a taxas de 25% e 10% na importação de aço e alumínio”, respectivamente, indicou o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, antes de terminar o prazo para a tomada de uma decisão sobre o assunto.

Pouco tempo depois deste anúncio, a União Europeia disse em comunicado que vai denunciar perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) a decisão norte-americana de suspender a isenção dos direitos de importação de aço e alumínio e garantiu que irá responder de forma “proporcional”.

“Os Estados Unidos não nos deixam agora outra escolha que não seja a de recorrer à resolução de litígios da OMC e à imposição de taxas adicionais sobre diversas importações dos EUA. Vamos defender os interesses da União em total cumprimento da lei comercial internacional”, declarou o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker.

Ainda antes de se conhecer a decisão, o primeiro-ministro, António Costa, e a chanceler alemã, Angela Merkel, sublinharam em Lisboa que a União Europeia terá uma resposta comum à eventual imposição pelos Estados Unidos de direitos aduaneiros sobre o aço e alumínio europeus.

Estes sinais de uma iminente guerra comercial já tiveram um efeiro, ainda que ligeiro, nas principais bolsas norte-americanas e europeias, com as desvalorizações a variarem entre 0,5% e 1% nos índices bolsistas mais relevantes, com destaque, na Europa, para as bolsas alemãs e espanholas, que lideram as perdas. 

No que diz respeito ao sector português, os industriais revelaram há cerca de dois meses ao PÚBLICO que havia alguma preocupação entre as empresas, mas sem sinais de alarme, dada a pouca informação que existia na altura sobre o tema e pelo facto de ainda não terem sido canceladas encomendas. Ainda assim, Rafael Campos Pereira, líder da associação do sector, sublinhava que dependia muito sobre o modelo de aplicação da medida. 

"Esta medida vai prejudicar sobretudo os nossos concorrentes norte-americanos. Porque eles terão, inevitavelmente, de importar matéria-prima do exterior e vão ter de pagá-la mais cara. Não há produção nos Estados Unidos em quantidade suficiente para as necessidades. É natural que haja pressão para taxar os produtos acabados, e aí sim, as empresas portuguesas poderão sofrer um impacto”, explicou na altura.

O mercado norte-americano tem uma quota residual das exportações do sector (cerca de 3,3%), mas é um dos que mais cresceu no ano de 2017 (37,3%) e tem sido mesmo uma das principais apostas dos empresários portugueses. No ano passado, as exportações chegaram aos 534 milhões de euros, sobretudo em produto acabado. 

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