Instalação de Santiago Serra 'chumbada' pelo Parlamento Europeu

O grupo de eurodeputados responsáveis pela aprovação de exposições considera que a instalação do artista espanhol pode causar uma "reacção adversa" e incomodar os trabalhos do Parlamento Europeu.

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A exposição já tinha sido censurada na feira de arte ArcoMadrid LUSA/FERNANDO VILLAR

Os eurodeputados recusaram receber no Parlamento Europeu a instalação do artista madrileno Santiago Sierra composta por 24 fotografias pixelizadas, sobre “presos políticos” em Espanha, entre as quais retratos de Oriol Junqueras e Jordi Sànchez, os líderes independentistas catalães acusados de rebelião e secessão. Esta é a segunda vez que o trabalho de Santiago Serra é "censurado". A instalação Presos políticos en la España Contemporánea já tinha sido retirada da feira de arte contemporâne ArcoMadrid, em Fevereiro.

Fontes do Parlamento Europeu citadas pelo diário espanhol ABC explicaram que o órgão encarregue das decisões administrativas, como a autorização deste tipo de exposições, constituído por cinco eurodeputados considerou que existia o risco de o evento causar uma “reacção adversa” e “interferir” com a actividade no Parlamento Europeu, o que vai contra o regulamento de admissão destas exposições. Nenhum dos cinco eurodeputados é espanhol.

A instalação deveria ser inaugurada durante o plenário de Estrasburgo, entre 28 a 31 de Maio.

As mesmas fontes parlamentares acrescentam ainda que o eurodeputado espanhol Jordi Solé, do partido da Esquerda Republicana (ERC) que sugeriu que a instalação fosse recebida em Estrasburgo, não apresentou a documentação necessária em tempo útil.

Jordi Solé classificou a decisão como “um ataque à liberdade de expressão”. “A decisão política, não administrativa de censurar a obra é negativa para a imagem e reputação do Parlamento Europeu”, vincou. 

“Devemos defender a arte porque é cultura, a cultura porque é liberdade e a liberdade porque é democracia”, concluiu o eurodeputado da ERC.

Esta não é a primeira vez que o Parlamento Europeu recusa receber uma exposição artística com uma vertente política, tendo o mesmo acontecido com uma exposição sobre o Irão e outra sobre os 100 anos da Revolução Russa.

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