Ela não se enxerga (literalmente)

Amy Schumer e Michelle Williams não conseguem salvar uma comédia preguiçosa e formulaica que explora uma boa ideia até à exaustão.

Amy Schumer: a sensação feminina da comédia no grande écrã  é  agora olhada de esguelha como alguém que perdeu o comboio
Fotogaleria
Amy Schumer: a sensação feminina da comédia no grande écrã é agora olhada de esguelha como alguém que perdeu o comboio
Amy Schumer, Marc Silverstein, Eu Sinto Muito, Renee Bennett
Fotogaleria
Amy Schumer, Ocupado Philipps, Aidy Bryant, eu me sinto bem
Fotogaleria
Amy Schumer, Greta Gerwig, eu me sinto bonita, como local, YouTube
Fotogaleria

A diferença que fazem três anos – foi o tempo que medeou entre Amy Schumer se tornar a nova sensação feminina da comédia americana no grande écrã (com Descarrilada, realizado em 2015 pelo “padrinho” Judd Apatow) e passar a ser olhada de esguelha como alguém que perdeu o comboio, a julgar pela reacção modesta, tanto da crítica como do público a Sou Sexy, Eu Sei!. Schumer não é tão unânime como colegas de geração como Kristen Wiig ou Melissa McCarthy, que têm tido carreiras mais regulares, mas todas elas têm sofrido com o nível bastante fraquito da produção de comédia para cinema, com raras excepções. Sou Sexy, Eu Sei! é uma comédia preguiçosa e formulaica que só tem uma ideia na cabeça e a explora à exaustão – a roliça Schumer cai da bicicleta no ginásio, bate com a cabeça, acorda convencida que é a mulher perfeita, começa a acreditar em si como nunca tinha conseguido antes, arranja namorado e promoção; mas está tudo na sua cabeça, é a sua auto-confiança e não o seu corpo a conquistar as pessoas que não vêem diferença nenhuma nela.

i-video

É uma ideia à medida da actriz, mas a dupla de realizadores e argumentistas, Abby Kohn e Marc Silverstein, não é capaz de instilar nenhum tipo de ousadia ou garra na história. Fala-se muito de auto-empoderamento, de lutar contra a tirania da imagem perfeita, mas tudo se resume a uma versão moderna da Rapariga de Sucesso de Melanie Griffith há uns anos atrás e aos lugares-comuns bem-intencionados do “yes we can”, que parece nem perceber a ironia de invocar um manifesto girl power para vender uma linha de maquilhagem para mulheres “normais”. Claro que tem graça a espaços – era difícil não ter, entre Schumer, uma Michelle Williams surpreendente numa executiva à toa e um Rory Scovel no namorado especado que é a melhor coisa do filme. Mas é o tipo de graça de que nos rimos num domingo à tarde em frente ao televisor, e só quando não há mais nada para ver.

Sugerir correcção
Comentar