Vinhos de Portugal voltam ao Brasil com recorde de produtores

Pelo quinto ano no Rio de Janeiro e pelo segundo em São Paulo, o Vinhos de Portugal no Brasil, organizado pelo PÚBLICO, O Globo e a ViniPortugal, está de regresso. A aposta de Portugal? Ultrapassar a Argentina e ser o segundo maior exportador de vinho para o Brasil.

Bebida Alcoólica, Comida
Fotogaleria
sibila lind
Óculos
Fotogaleria
sibila lind

São 84 os produtores que este ano marcam presença nos dias 8, 9 e 10 de Junho em São Paulo, no shopping JK Iguatemi, para o Vinhos de Portugal no Brasil – um número “recorde”, sublinha a organização, que ultrapassa em muito os 66 do ano passado, na primeira edição do evento naquela cidade, e mostra a grande aposta que está a ser feita em São Paulo e a importância da cidade para o mercado de exportação do vinho português.

No Rio de Janeiro, onde a quinta edição do Vinhos de Portugal acontece no CasaShopping, na Barra da Tijuca, no fim-de-semana anterior (de 1 a 3 de Junho), estarão 79 produtores, um número que ultrapassa também o dos quatro anos anteriores. Nesta cidade, o evento “já está totalmente consolidado”, sublinha a organizadora Simone Duarte, da Out of Paper.

“Ao todo, nas duas cidades, temos este ano 28 produtores novos”, destaca Simone Duarte, sublinhando que “este é já o maior evento de vinhos portugueses destinado aos consumidores e realizado fora de Portugal”. A iniciativa é dos jornais PÚBLICO, O Globo, Valor Económico e revista Época, em parceria com a ViniPortugal.

Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, explica que, tal como no ano passado, o objectivo de Portugal é ultrapassar a Argentina e afirmar-se como o segundo maior exportador de vinho para o Brasil – o Chile, que ocupa um confortável primeiro lugar, já teve 50% de quota de mercado, mas tem sofrido algum recuo.

“Neste momento, Portugal está no segundo lugar”, diz Jorge Monteiro, “mas isso já acontecia no ano passado por esta altura e fechámos o ano em terceiro”. Uma coisa é certa: “Temos vindo a crescer em termos de quota de mercado e há sempre a expectativa de conseguirmos ser o segundo. Continuamos a aproximar-nos da Argentina, estamos a falar de um país que tinha cerca de 22% de quota enquanto nós tínhamos uns 12% e neste momento já estamos nos 15%.”

Os portugueses têm a vantagem de ter uma maior proximidade com o mercado brasileiro do que os argentinos – e isso nota-se particularmente no Rio de Janeiro. “Daquilo que conhecemos, não há uma intervenção muito acutilante da parte do Wines of Argentina no Brasil.” Há, no entanto, outro factor a ter em conta, alerta Jorge Monteiro: se no ano passado a Espanha estava um pouco mais afastada do Brasil, este ano nota-se um maior dinamismo da parte dos espanhóis.

“O Brasil não era mercado que interessasse à Espanha e neste momento já é, os espanhóis estão a investir muito. E não podemos esquecer que a Espanha é o país que tem maior desequilíbrio entre a produção e o consumo interno e, por isso, maior pressão à exportação”, sublinha o responsável da ViniPortugal. A vantagem de Portugal é um conhecimento muito mais profundo do mercado brasileiro e, claro, a língua, refere. “Somos vistos pelos brasileiros como o país que melhor trabalha o mercado brasileiro e estes dois eventos têm contribuído para isso.”

O crescimento das exportações portuguesas para o Brasil está a dar ânimo aos produtores, o que explica, segundo Jorge Monteiro, o reforço da presença em São Paulo. Considera, contudo, que “ainda há muito trabalho a fazer” nesta cidade para que o vinho português atinja a notoriedade que já conquistou no Rio. “No ano passado, São Paulo foi uma excelente experiência, para primeiro ano foi muito bom, mas vai ter que crescer muito ainda.” O mercado paulista “é o maior do Brasil e aquele em que é muito importante ganhar quota”.

Jorge Monteiro deixa ainda outro alerta: “O preço baixo continua a ser um dos nossos maiores problemas. Não temos o preço médio que ambicionávamos ter. A esse nível, no Brasil temos que fazer um percurso enorme. A estratégia colectiva é puxar preço para cima, mas tem que ser acompanhada por estratégias individuais.”

Esse “puxar preço para cima” é precisamente o que se pretende com os Vinhos de Portugal no Brasil, ocasião para os produtores mostrarem, a um público consumidor cada vez mais interessado, vinhos que são verdadeiramente diferenciadores, conclui o presidente da ViniPortugal.

Simone Duarte está confiante que o caminho da conquista do mercado de São Paulo será feito e refere a importância que tem tido para o evento o facto de muitos dos grandes produtores nacionais – entre os quais Dirk Niepoort, Anselmo Mendes, Luís Pato ou Domingos Alves de Sousa – estarem presentes pessoalmente. Entre os produtores que se estreiam este ano estão, por exemplo, Domingos Soares Franco, da José Maria da Fonseca, e Jorge Serôdio, da Wine and Soul.

Esse é um dos grandes trunfos do Vinhos de Portugal no Brasil, diz a organizadora. “Conseguimos estabelecer cada vez mais essa ligação entre o produtor e o consumidor e isso faz com que a relação deste com um vinho e com Portugal mude completamente.”

Daí que este ano, para além do mercado dos vinhos – que decorre em várias sessões de duas horas cada, ao longo dos três dias em cada cidade – haverá produtores presentes nas provas especiais ao lado dos críticos portugueses e brasileiros, e também no espaço mais informal do Tomar um Copo, ocasiões em que poderão conversar com o público, responder a perguntas e apresentar os seus vinhos.

Outro trunfo, prossegue a organizadora, é o facto de este ser um evento organizado por jornais dos dois lados do Atlântico, que se juntam para produzir conteúdos, o que permite dar uma perspectiva diferente, que não se encontra habitualmente numa feira de vinhos.

Sugerir correcção
Comentar