FMI alerta para riscos de introduzir rigidez no mercado de trabalho
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu ligeiramente em baixa a estimativa de crescimento da economia portuguesa deste ano para 2,3%, alertando que as pressões para atenuar as reformas tomadas, como no mercado de trabalho, podem prejudicar o crescimento.
Num comunicado divulgado hoje, de conclusão da missão a Portugal ao abrigo do Artigo IV, o FMI alinha a sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) com a do Governo (2,3%), quando em Abril se tinha mostrado ligeiramente mais optimista (ao prever 2,4%).
“A estimativa rápida para o primeiro trimestre de 2018 mostrou um crescimento algo subjugado devido a factores temporários que estão a afectar as exportações, e devido a uma moderação da procura em alguns mercados de exportações”, afirma o FMI.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) deve confirmar na quarta-feira que a economia portuguesa abrandou no primeiro trimestre, ao crescer 2,1% em termos homólogos e 0,4% em cadeia.
O Fundo afirma que os riscos que podem limitar o crescimento estão sobretudo do lado externo, e “aumentaram recentemente”, como, por exemplo, a incerteza política em Itália, que está a afectar os mercados europeus, ou um crescimento menos favorável da zona euro.
“Isto é um lembrete de que as condições externas, embora ainda positivas, podem tornar-se menos favoráveis”, avisa a missão liderada por Alfredo Cuevas.
Por outro lado, a nível interno, “o principal risco é ceder a pressões para erodir os esforços de políticas anteriores, que facilitaram o sucesso da recuperação vista até agora”, afirma o FMI.
Para o Fundo, as reformas no mercado de trabalho tomadas durante o programa de ajustamento “promoveram que a recuperação económica que está a decorrer tenha uma forte componente de criação de emprego”.
Nesse sentido, “introduzir nova rigidez ou reintroduzir antiga pode prejudicar a competitividade e a produtividade e tornar mais difícil para as empresas gerirem as flutuações da procura”, considera o FMI.
Além disso, o Fundo alerta que há alguns sectores da economia portuguesa – como uma nova indústria têxtil (mais vocacionada para o design) e a farmacêutica – que está “a começar a ter dificuldades em preencher vagas que estão disponíveis, sobretudo para empregos altamente qualificados”.