OMS estima que haverá 100 a 300 casos de Ébola no Congo durante três meses

Desde que o surto actual começou, no início deste mês de Maio, já morreram 25 pessoas.

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Macacos fumados à venda este mês na cidade congolesa de Mbandaka: o vírus do Ébola é espalhado pelos macacos e por outros animais da floresta KENNY KATOMBE/Reuters

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima a ocorrência de 100 a 300 casos de infecção pelo vírus do Ébola na República Democrática do Congo entre Maio e Julho deste ano, segundo um plano de resposta ao surto actual desta doença, publicado esta terça-feira.

Numa versão anterior do plano, tendo por base informação até 15 de Maio, pressupunha-se a ocorrência de 80 a 100 casos. A OMS ressalva que os novos números não são uma previsão e que fazem parte de uma modelação para planear e orçamentar a resposta ao surto.

Na segunda-feira, o ministro da Saúde da República Democrática do Congo disse que havia neste surto 54 casos de infecção pelo vírus do Ébola – 35 confirmados, 13 prováveis e seis suspeitos – e ainda 25 mortes. Nos últimos dois dias não houve mortes nem novos casos confirmados.

O vírus do Ébola dissemina-se facilmente através dos fluidos corporais e este é o nono surto na República Democrática do Congo. Um surto que começou na África ocidental no final de 2013, e se prolongou até 2016, altura em que finalmente ficou controlado, matando cerca de 11.300 pessoas.

O plano da OMS para a República Democrática do Congo assume que cada caso de infecção pelo vírus do Ébola nas zonas rurais do país originará dez casos potenciais de infecção e que cada caso nas zonas urbanas poderá originar 30 infecções. Até 26 de Maio, estavam a ser monitorizadas 906 pessoas que estiveram em contacto com alguém doente ou suspeito de estar doente, segundo referiu um porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.

A identificação destes contactos é crucial para parar a disseminação da doença. Os profissionais de saúde esperam vacinar – com uma vacina ainda experimental, já a ser administrada – cada contacto, para isolar de forma eficaz cada doente e evitar mais disseminações.

A OMS estima que mil pessoas se movimentem todos os dias através dos grandes pontos de entrada ligados à Zona de Saúde de Bikoro, uma área remota da província do Equador onde o início do surto foi declarado no início deste mês. Cerca de 50 pessoas viajam por dia de barco de Bikoro para a vizinha República do Congo.

Desde que o plano da OMS foi elaborado, a doença espalhou-se para a capital da província do Equador, a cidade de Mbandaka, onde vivem cerca de 1,5 milhões de pessoas, e a OMS mais do que duplicou o seu orçamento de resposta ao surto, passando dos iniciais 26 milhões de dólares (23 milhões de euros) para 56 milhões (48 milhões de euros).

O plano também estabelece objectivos para a resposta à doença, incluindo que 100% dos novos casos deverão surgir entre as pessoas que estiveram em contacto com alguém doente e nenhum caso deverá surgir entre os profissionais de saúde. No caso das pessoas que estão a ser monitorizadas, não se deve perder o contacto com nenhuma. E todas as pessoas que morreram devido a infecção suspeita ou provável pelo vírus do Ébola devem ser enterradas de forma segura, para evitar que a infecção se espalhe. Por fim, refere-se ainda que o rácio de mortalidade para todos os casos confirmados que deram entrada em centros de tratamento deve ser inferior a 50%.

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