Rui Rio critica Costa "no país das maravilhas" e desvaloriza renúncia de Santana

Rio apontou "problemas graves no Serviço Nacional de Saúde" e na próxima execução orçamental, impostos e salários. Quanto à renúncia de Santana Lopes ao Conselho Nacional, disse que o ex-primeiro-ministro "é livre de fazer o que quiser".

Rio diz que congresso do PS foi pouco relevante para o país RTP

O líder do PSD, Rui Rio, afirmou nesta segunda-feira não ter saído "nenhuma ideia nova para o país" do Congresso do PS, onde foi mostrado um cenário de "António Costa no país das maravilhas" que não corresponde à realidade.

"Vi aquele congresso como uma manifestação interna do PS, que ganhou ali um ânimo, mas para o país não vejo nada de relevante", disse Rui Rio aos jornalistas, à margem de um encontro com o Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados. Questionado se foi traçado um cenário demasiado cor-de-rosa pelo secretário-geral do PS no congresso, Rio respondeu: "Sim, um pouco António Costa no país das maravilhas". "Já estamos habituados que, nos congressos, os partidos que estão no poder chegam ali e fazem um desenho fantástico do país que não corresponde à realidade", acrescentou Rui Rio, para quem "é evidente" que "todos já percebemos que há problemas graves no país".

No início desta solução governativa "as pessoas não acreditavam que ela conseguisse ser consistente e por isso há um primeiro impacto positivo", mas agora já percebemos as dificuldades em diversos sectores de governação e que não estamos no país das maravilhas nem coisa que se pareça", sublinhou o social-democrata. Rio apontou "problemas graves no Serviço Nacional de Saúde", disse que "a próxima execução orçamental não está da melhor maneira" e lembrou que "o PS prometeu que se o preço do petróleo subisse os impostos baixariam e não fez isso", o que, "para os cidadãos, no seu quotidiano, é muito importante".

"Mesmo a própria actualização dos salários... foi prometido que haveria finalmente o fim da austeridade e o máximo que se fez foi repor o que existia há muitos anos", frisou, considerando que "as pessoas vão naturalmente entendendo que as coisas não são tão maravilhosas quanto o Governo as pinta, e até já os partidos que sustentam esta solução parlamentar também já não desenham o país como uma coisa tão maravilhosa como desenhavam há cerca de um ano ou dois". O 22º Congresso Nacional do PS terminou no domingo, na Batalha, no distrito de Leiria, com uma intervenção do secretário-geral do partido, António Costa, dedicada sobretudo às políticas de inserção das novas gerações no mercado de trabalho.

Santana Lopes "é livre de fazer o que quiser"

O presidente do PSD desvalorizou ainda a renúncia de Pedro Santana Lopes ao lugar de número um no Conselho Nacional do partido, afirmando que, para si, este é "um não assunto". "Não merece comentário nenhum. A carta que vi diz apenas que tem lugar [no Conselho Nacional] por inerência, portanto não precisa propriamente do lugar para o qual foi eleito, mantém-se por inerência", afirmou Rui Rio.

Para o líder dos sociais-democratas, Pedro Santana Lopes "é livre de fazer o que quiser" e, "tal como disse na carta, e bem, pode ir ao Conselho Nacional na mesma". Questionado se os dois estão condenados ao desentendimento, sorrindo, Rio apenas disse: "Não sei, tem que lhe perguntar". "Os jornalistas e os comentadores escrevem o que quiserem, para mim é um não assunto, não tenho nada a comentar", concluiu. O semanário Expresso noticiou, no sábado, que Pedro Santana Lopes, que saiu derrotado das eleições para a liderança do PSD, enviou uma carta ao presidente do partido e ao presidente do Conselho Nacional comunicando a renúncia ao lugar de conselheiro nacional para o qual foi eleito em Fevereiro. Na carta, acrescentou o Expresso, Santana invocou "razões pessoais e profissionais", contudo, o ex-primeiro-ministro mantém inerência por ter sido presidente do PSD.

Rio e Santana Lopes defrontaram-se nas eleições directas do PSD, tendo Rio vencido com 54,3% dos votos. Pouco tempo depois das directas, no congresso dos sociais-democratas, os dois fizeram um acordo que passou por, entre outros aspectos, Santana indicar nomes para os órgãos nacionais.

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