Quase metade das mulheres que congelam os seus óvulos arrepende-se, diz estudo

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Nuno Ferreira Santos/Arquivo

Nos últimos quatro anos, desde que empresas como o Facebook e a Apple começaram a pagar às suas funcionárias para que congelassem os óvulos, de maneira a atrasar a maternidade, muitas norte-americanas concordaram e fizeram-no. Agora, um estudo revela que quase metade se arrepende da decisão.

"Enquanto a maioria das mulheres expressa reacções positivas por terem opções reprodutivas, ficámos surpresos ao descobrir que para um grupo de mulheres não era assim tão simples", revela Eleni Greenwood, endocrinologista da Universidade da Califórnia São Francisco (UCSF) e a principal autora do estudo. "Algumas até se arrependeram francamente de sua escolha."

Greenwood e os seus colegas convidaram mulheres que removeram e congelaram os ovócitos na UCSF, entre 2012 e 2016, a responder a um questionário via email. Em comum, estas 201 mulheres tinham o facto de se ter submetido a esta intervenção cirúrgica porque queria adiar a gravidez, nenhuma o fez por motivo de doença.

As participantes tem entre 27 e 44 anos; a maioria é branca, 78% possui uma licenciatura e 68% recebe mais de 100 mil dólares por ano (cerca de 85 mil euros). Quase um quarto trabalha para empresas que ajudaram a pagar parte do procedimento cirúrgico, que custa entre dez e 20 mil dólares (oito e 17 mil euros), as taxas de armazenamento dos ovócitos rondam os mil dólares anuais (850 euros). 

A maioria, 89%, respondeu que se sentia feliz por ter congelado os ovos, mesmo que nunca venha a usá-los. No entanto, 49% revelou algum pesar pela decisão de se submeter ao procedimento; destas, cerca de dois terços revela arrependimento "leve" e o restante aponta que o seu arrependimento é de "moderado a grave". No inquérito não foi pedido às mulheres que explicassem as razões do seu arrependimento.

Heather Huddleston, uma das autoras, considera que o que as inquiridas estão a transmitir é que "precisavam de mais apoio moral". "Precisamos de melhorar o nosso trabalho em termos emocionais, junto das mulheres, à medida que elas passam por este processo", acrescenta.

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