Operação anti-droga no Bangladesh causou 79 mortos numa semana

Governo de Daca diz que a ofensiva é para continuar, apesar das críticas de activistas dos direitos humanos, que denunciam execuções.

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As forças de segurança do Bangladesh são acusadas de executar suspeitos de tráfico de droga EPA/MONIRUL ALAM

A ofensiva contra o tráfico de droga lançada pelo Governo do Bangladesh está a deixar um lastro de sangue nas ruas do país e a deixar várias organizações de defesa dos direitos humanos alarmadas com o “ambiente de terror” que se vive. Apesar das críticas, o Governo garante que irá continuar com a operação.

Pouco mais de uma semana depois de ter sido oficialmente lançada, a intervenção policial contra as drogas no Bangladesh já é responsável por pelo menos 79 mortos, de acordo com o site bdnews24. No sábado, as autoridades detiveram cerca de cem suspeitos e houve relatos de vários tiroteios em todo o país durante a madrugada, segundo a BBC.

A guerra contra as drogas foi lançada pela primeira-ministra Sheikh Hasina a 19 de Maio, que a comparou à ofensiva contra os grupos terroristas islamitas, que também causou centenas de mortos nos últimos anos.

Os grupos de defesa dos direitos humanos dizem que as acções das autoridades não passam de “execuções extrajudiciais” e denunciam um “ambiente de terror”. “As forças de segurança têm as mãos livres e estão a agir como juiz, júri e executores”, disse ao Guardian o activista bengali Pinaki Bhattacharya. Os suspeitos devem ser julgados nos tribunais, e não executados de forma sumária, defendem estes grupos.

Os críticos da acção policial vêem muitas semelhanças com a estratégia que tem sido seguida nas Filipinas pelo Presidente Rodrigo Duterte, que lançou uma operação contra o tráfico de droga que já causou mais de sete mil mortos.

As operações são lideradas pelo Batalhão de Acção Rápida, uma força de elite, que depois de receberem denúncias organizam raides aos locais onde as redes de tráfico de droga operam. Geralmente, a situação acaba por dar origem a tiroteios.

As críticas não parecem demover o Governo do seu rumo de acção. O ministro do Interior, Asaduzzaman Khan, disse este domingo que a operação irá continuar até que seja retomado o “controlo da situação” e recusou fixar um prazo para a sua conclusão.

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