A música do mundo árabe até Agosto na Cité de la Musique

A exposição Al Musiqa, que pode ser visitada até 19 de Agosto, rastreia vários milénios de uma rica história musical, dando-lhe um protagonismo inédito em França.

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A egípcia Umm Kulthum, uma das maiores lendas da música árabe do século XX, não podia deixar de figurar nesta exposição

Dos tempos da Rainha de Sabá até aos sons saídos das ruas durante a Primavera Árabe, a música do mundo árabe tem uma tradição rica mas relativamente pouco explorada, sobretudo no mundo ocidental. É essa falha que a Cité de la Musique – Philharmonie de Paris está agora a tentar colmatar com Al Musiqa – Voix et Musiques du Monde Arabe, exposição que foi inaugurada a 6 de Abril e continuará aberta até 19 de Agosto. A música é que manda aqui, e há-a para todos os gostos, do mais tradicional ao mais electrónico, do mais secular ao mais religioso, tal como aparece compilada numa playlist de 38 faixas, disponibilizada no site Soundsgood, que inclui os egípcios Umm Kulthum e Mohammad Abdel Wahab, o libanês Rayess Bek, o sírio-egípcio Farid al-Atrash, os argelinos Warda e Cheb Hasni ou o argelino (e saudita) Khaled.

Com curadoria de Véronique Rieffel, e através de objectos que vêm de colecções tanto do Ocidente quanto do Oriente, a exposição reúne arquivos áudio, fotografias, filmes, posters, bandas desenhadas, diários de viagem, instrumentos, miniaturas persas, pinturas, capas de discos, caligrafia, uma madraça para desfazer mitos sobre o Islão, e, claro, música. Até há um salão para aprender dança, e que receberá também concertos, noites de karaoke e contadores de histórias. Faz parte da componente interactiva de Al Musiqa: é suposto os espectadores envolverem-se neste mundo, um mundo que de resto é indissociável do quotidiano de um país como a França, onde a comunidade árabe é especialmente expressiva.

As salas da exposição tentam recriar vários cenários onde a música árabe vem nascendo, de um cinema egípcio a um deserto no Hejaz, passando por uma zauia africana. Logo no tecto da entrada, uma instalação de Nja Mahdaoui, Douroub, faz o visitante deparar-se com um conjunto de tambores pendurados. Mais à frente, a fotógrafa e cineasta franco-marroquina Leïla Alaoui, que morreu nos atentados de Janeiro de 2016 no Burkina Faso, faz-se representar pela série Les Marocains, um conjunto de imagens que documentam a vida marroquina.

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