“Há assuntos que podem ser discutidos” com todos os partidos

Em conversa com o PÚBLICO, Mariana Vieira da Silva diz que é possível acordos estratégicos com outros partidos, mas que a prática do Governo mostra que o caminho é pela esquerda.

Mariana Vieira da Silva diz que é possível acordos estratégicos com outros partidos Hugo Amaral

Mariana Vieira da Silva mede as palavras que diz. Como secretária de Estado Adjunta do primeiro-ministro tudo lhe sai pensado a régua e esquadro, mas fora do palco do congresso, em conversa com o PÚBLICO, conta que se revê no que defendeu Pedro Nuno Santos, no que diz respeito à ligação que é preciso ter com os partidos à direita do PS.

"Concordo [com Pedro Nuno Santos] e a prática governativa deste Governo é isso mesmo que tem confirmado nas políticas que temos desenhado e logo no início no programa eleitoral de 2015", respondeu.

Numa altura em que o Governo discute uma nova lei de Bases da Saúde, Mariana Vieira da Silva lembra que nas áreas sociais, como a educação, saúde e segurança social, não tem sido possível chegar a acordo com o PSD e CDS. "A saúde é um excelente exemplo da dificuldade em ter acordos com o PSD e CDS nessas matérias sociais. Nunca houve uma alteração das bases da saúde com um acordo entre PS e PSD. Houve sempre uma divisão entre esquerda e direita. Não vejo que essas diferenças se tenham esbatido mais recentemente, muito pelo contrário. Revejo-me completamente nessas três áreas, pensões, saúde e educação. Nunca tem sido possível ter um diálogo decisivo com o PSD, o que não significa que não haja pontos que possam ser trabalhados".

Esses acordos podem surgir em matérias ligadas aos desafios lançados na moção de estratégia global, de que foi autora. "Sendo uma moção que se debruça sobre objectivos estratégicos, há sempre uma dimensão que tem de ser discutida entre todos. Quando falamos do desafios da sociedade digital sabemos que implica investimento em infra-estruturas e isso o PS sempre tem defendido que possa ser feito com apoio de 2/3 para alguma estabilidade nos investimentos".

"Em cada um destes desafios podemos encontrar zonas de acordos mais estratégicos e generalizados e outras em que haverá uma divisão entre direita e esquerda que permanecerá", refere.

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