Apoiantes de Rio com dificuldades em impor uma lista no PSD-Porto

Com António Tavares fora da corrida à distrital, a ala conotada com o líder do partido inclina-se para apoiar Alberto Santos, um discreto apoiante de Rio nas eleições internas.

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Pedro Cunha

A corrente alinhada com Rui Rio no PSD está em dificuldades para apresentar uma candidatura à distrital do Porto, à qual o presidente do partido pertence. Os sociais-democratas do distrito vão a votos dentro de um mês e os seus apoiantes não encontram nas suas fileiras um candidato que esteja alinhado com os valores e princípios da actual liderança nacional.

Internamente, a sua eleição foi encarada como uma oportunidade para o partido apostar num novo ciclo político naquela que é a sua maior e a mais poderosa distrital no país, pondo um ponto final num modelo de liderança que vigorou por 20 anos. O seu grupo de apoiantes diz-se “fortemente empenhado na afirmação de um projecto colectivo verdadeiramente social-democrata para o distrito e numa nova forma de fazer política no partido”. “Rui Rio, quando se candidatou à liderança do PSD, induziu nos militantes uma nova forma de fazer política no distrito e os sindicatos de voto não funcionaram nas eleições directas”, disse, por seu lado, uma outra fonte, completamente alinhada com o líder.

Com António Tavares definitivamente fora da corrida, a ala riista inclina-se, assim, para apoiar Alberto Santos, que está longe de ser um apoiante entusiasta do ex-autarca do Porto. “Este grupo sente mais afinidade com este candidato do que com qualquer um dos outros [Miguel Santos e Rui Nunes]”, declarou ao PÚBLICO o líder da concelhia do PSD-Porto. Alberto Machado é o nome considerado mais bem colocado para ganhar a distrital, mas o dirigente mostra-se muito empenhado na sua liderança à frente da concelhia e da Junta de Freguesia de Paranhos, à qual preside.

O PSD chegou a olhar para António Tavares com uma “boa solução” para liderar a distrital, mas as declarações que fez recentemente, a defender que o partido deveria apoiar o independente Rui Moreira, arqui-rival de Rui Rio, para a Câmara do Porto nas próximas eleições autárquicas, comprometeram a hipótese de protagonizar uma candidatura. “Infelizmente não consegui reunir aquilo que desejava e considerava fundamental para ter sucesso na liderança do PSD do Porto: ter uma base eleitoral suficientemente forte, sólida, estrutural e estável para fazer face às reformas que será necessário realizar e às vitórias que precisamos de empreender”, afirma ao PÚBLICO.

No mesmo dia em que o Povo Livre anunciava a marcação das eleições para a distrital o Porto para 30 de Junho, as concelhias reuniram-se, em Penafiel, com Alberto Santos, mas foi feito um pacto de silêncio sobre o que foi discutido relativamente às negociações em curso entre o candidato e as concelhias que estão com Rio, que não aceitam que o primeiro vice-presidente da lista e o secretário-geral da distrital sejam duas pessoas que entram pela quota do interior do distrito. Ao que o PÚBLICO apurou, na reunião discutiu-se, sobretudo, o projecto que Alberto Santos tem para a distrital. Na noite de quarta-feira, o candidato à distrital recebeu o apoio da concelhia de Penafiel.

A estreita margem com que Rio foi eleito líder dos sociais-democratas e o distanciamento que cultiva em relação ao aparelho do partido mostram que o PSD não está unido à sua volta. Em Aveiro, Salvador Malheiro, recém-eleito líder da distrital, convidou Luís Montenegro para presidente da Mesa da Assembleia, num sinal de unidade, mas o ex-líder da bancada do PSD não aceitou.

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