Centeno diz que "todas as peças estão a encaixar" no puzzle da união bancária

Presidente do Eurogrupo lembra que o objectivo é "sequenciar as tomadas de decisão". Mas relativiza a importância de cumprir o prazo definido para o final de Junho

Foto
O ministro das Finanças português e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno LUSA/STEPHANIE LECOCQ

O conselho económico e financeiro da União Europeia aprovou, esta sexta-feira, um pacote de medidas para a diminuição de riscos e a promoção da resiliência do sector bancário que, realçou o ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, terão “um papel muito importante no conjunto de medidas que é suposto serem tomadas para completar a união bancária durante este ano”.

Nos últimos dois dias em Bruxelas, Mário Centeno repetiu a sua mensagem de que “todas as peças estão a encaixar” para que o puzzle da união bancária possa ficar completo já na próxima cimeira europeia de 28 e 29 de Junho, como prometido. Mas ficará? Ao mesmo tempo que reafirmou a sua confiança com o desfecho positivo desse processo, Mário Centeno pareceu relativizar a importância de ter o roteiro para a conclusão da união bancária totalmente fechado no prazo anunciado.

“Nós sempre colocámos a questão de Junho como sendo um momento importante para detalhar o conjunto de medidas que temos que tomar para completar a união bancária, e também para avançar no aprofundamento da união económica e monetária, que sabemos que são bastante ambiciosas”, esclareceu o ministro.

Tendo em conta os progressos nas negociações alcançados esta semana em Bruxelas, tanto a 19 como a 28, Centeno acredita que “estão criadas as condições para que em Junho se possam dar passos decisivos”, não só no que diz respeito ao roteiro (ou roadmap) para completar a união bancária, mas também nas restantes dimensões que compõem a chamada reforma do euro — nomeadamente a redução e a partilha de risco, com a criação do mecanismo de apoio financeiro para o fundo de resolução único. “É uma medida muito importante e que será considerada nas nossas decisões em Junho”, garantiu.

Questionado sobre as elevadas expectativas criadas para essa cimeira de líderes, Mário Centeno recordou que desde que assumiu a presidência do Eurogrupo disse que “o objectivo sempre foi sequenciar as medidas”, ou seja, programar os passos necessários para estabelecer esses sistemas e concluir os processos. “Usei a expressão, desde o início, de que esse era o objectivo: sequenciar as tomadas de decisões e não cortar a nossa ambição nesse processo. É isso que estamos a fazer”, declarou o ministro.

No final da reunião do conselho económico e financeiro desta sexta-feira, Centeno lembrou de resto, a propósito do conjunto de medidas aprovadas para o sector bancário, que desde o inicio da crise, os países da zona euro “fizeram um longo percurso para tornar os bancos mais fortes”. As medidas tomadas “traduziram-se na redução muito significativa dos empréstimos em incumprimento nos diferentes países”, no reforço dos capitais dos bancos e na protecção dos contribuintes europeus, salientou. No caso de Portugal, precisou, o crédito em incumprimento conheceu uma redução de cerca de 20% no ano passado, num montante superior a 10 mil milhões de euros. “E temos a perspectiva de que estes empréstimos se venham a reduzir ainda mais nos próximos anos para aproximadamente metade do valor actual”, acrescentou.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários