Líderes de oito religiões manifestam-se contra em reunião com Presidente

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu 16 líderes religiosos durante mais de uma hora. Ao fim da tarde, receberá Júlio Meirinhos, grão-mestre da Grande Loja Regular de Portugal (GLRP), e Isabel Corker, grã-mestre da Grande Loja Feminina de Portugal.

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Marcelo continua em audições sobre eutanásia LUSA/TIAGO PETINGA

Representantes de oito comunidades religiosas, com “perspectivas distintas” sobre várias matérias, foram esta quinta-feira recebidos pelo Presidente da República, a quem transmitiram estar “absolutamente convergentes” em relação à eutanásia, que consideram ser “um retrocesso civilizacional”.

Católicos, evangélicos, judeus, muçulmanos, hindus, ortodoxos, budistas e adventistas pediram para ser recebidos por Marcelo Rebelo de Sousa para manifestar a sua posição contra a eutanásia, no âmbito dos projectos de lei para despenalizar e regular a morte medicamente assistida em Portugal, que serão debatidos e votados na próxima semana na Assembleia da República.

“As nossas perspectivas podem ser distintas, como de facto são, mas aqui neste ponto são absolutamente convergentes”, afirmou o cardeal-patriarca, Manuel Clemente, à saída do encontro no Palácio de Belém, que durou mais de uma hora.

O cardeal-patriarca defendeu que Portugal deve seguir o exemplo de “outras sociedades democráticas e evoluídas”, que optaram por desenvolver os cuidados paliativos de forma a “chegar a todos para que possam ter uma base sólida para o futuro”.

Já o pastor Jorge Humberto, da Aliança Evangélica Portuguesa, classificou a eutanásia como “retrocesso civilizacional”, defendendo também que a solução deve passar por “cuidados paliativos ao alcance de todos os cidadãos em Portugal”. O pastor acrescentou que o tema “não pode ser um assunto de algumas pessoas apenas: as religiões têm um sério contributo a dar no sentido da dignificação e dignidade da vida”.

Os 16 representantes das oito religiões mostraram-se hoje unidos: “Estamos juntos para ter a mesma voz”, acrescentou o xeque David Munir, líder da Mesquita Islâmica Central de Lisboa. “Espero que cuidemos mais das pessoas que precisam dos nossos cuidados do que os abandonemos”, acrescentou o xeque Munir, sublinhando também a necessidade de “valorizar a vida e dar mais ênfase aos cuidados paliativos”.

O rabino Natan Peres, da Comunidade Israelita de Lisboa, saudou o facto de a eutanásia ter conseguido juntar diferentes religiões e mostrar que “as religiões em Portugal podem unir-se” e trabalhar juntas.

Pela voz do pastor Jorge Humberto foi ainda transmitida a posição em relação à realização de um referendo. “Seria uma excelente opção”, resumiu. “Sempre que o povo se pronuncia, com certeza que é um acto de democracia e com certeza que é uma forma de perceber claramente, sem qualquer tipo de manipulação, aquilo que vai no sentimento e no coração das pessoas. O referendo seria uma excelente opção”, concluiu o pastor da Aliança Evangélica Portuguesa.

O Presidente da República recebeu esta manhã 16 representantes de oito religiões, estando agendado para o final da tarde um encontro com Júlio Meirinhos, grão-mestre da Grande Loja Regular de Portugal (GLRP), e Isabel Corker, grã-mestre da Grande Loja Feminina de Portugal.

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