O que dizem os jogadores envolvidos no escândalo de corrupção do Sporting

Na sequência da investigação Cashball, os jogadores acusados negam ter qualquer envolvimento, afirmando também que não chegaram sequer a ser contactados.

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Pedro Trigueira, guarda-redes do Vitória de Setúbal, diz sentir-se revoltado com os juízos ofensivos LUSA/JOSÉ COELHO

Pouco mais de uma semana depois de ter surgido a Operação Cashball, que investiga um esquema de corrupção para beneficiar os resultados do Sporting, vários dos jogadores acusados de terem sido corrompidos – como o guarda-redes do Vitória de Setúbal, Pedro Trigueira, ou o defesa do Feirense, Bruno Nascimento – negaram qualquer envolvimento no caso.

O guarda-redes Trigueira negou ter sido contactado por alguém ligado ao Sporting para que prejudicasse a sua própria equipa frente aos “leões”, em jogos do campeonato e da Taça da Liga. O direito de resposta do jogador do Setúbal foi publicado esta quinta-feira no Correio da Manhã e dá conta que o jogador não falou com nenhum dos visados e que activará “os mecanismos legais tendentes à reposição do seu bom-nome e imagem profissional”, argumentando ainda que se sente revoltado pelos “juízos ofensivos” feitos de forma gratuita.

Também o defesa do Feirense, Bruno Nascimento, viu o seu nome envolvido no caso de corrupção e reagiu na quinta-feira passada no Facebook, negando ter sido corrompido: "Em primeiro lugar, não existe e nunca existiu nenhum tipo de contacto, tanto da parte dessas pessoas e muito menos da minha”. O jogador disse ainda que iria “agir judicialmente e criminalmente contra qualquer tentativa de desvalorizar e manchar” a sua carreira profissional e a sua honra.

Outro dos quatro jogadores acusados, o defesa e capitão do Desp. Aves Nélson Lenho, decidiu mesmo avançar com uma queixa-crime contra “os autores materiais” das acusações sobre o seu envolvimento no referido esquema de viciação de resultados para favorecer o Sporting. Os advogados que representam o futebolista dizem que Nélson Lenho "aguardará com serenidade e de consciência tranquila os resultados das diligências judiciais e de disciplina desportivas em curso", revelando-se confiante de que "a verdade será reposta e o seu alegado envolvimento afastado".

Apoio aos acusados

Na quarta-feira, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) manifestou apoio e solidariedade para os associados João Aurélio, Nélson Lenho, Joãozinho e Pedro Trigueira, realçando o respeito e o reconhecimento pela conduta pessoal e profissional dos jogadores. Os quatro futebolistas negaram publicamente qualquer envolvimento no esquema, negando também que tivessem sido contactados com esse propósito por terceiros.

O caso levou à constituição de sete arguidos, incluindo o director-geral do futebol do Sporting, André Geraldes – que acabou por ser libertado depois do pagamento de uma caução de 60 mil euros. Na quarta-feira passada, após buscas na SAD do Sporting, a Polícia Judiciária (PJ) deteve não só André Geraldes, mas também os empresários Paulo Silva e João Gonçalves, assim como o braço-direito de Geraldes, Gonçalo Rodrigues.

O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, disse ter a certeza de que André Geraldes “nada fez” e considerou que a Operação Cashball é uma criação “criminosa” da comunicação social. Em comunicado, o Sporting disse estar a ser alvo de uma “campanha” destinada a “denegrir a imagem” do clube. 

O que é a Operação Cashball?

A Operação Cashball diz respeito a um esquema de corrupção que terá passado pelo pagamento de luvas a árbitros que apitaram jogos da Liga de Andebol no campeonato 2016/2017. Também terão tentado viciar resultados no campeonato de futebol, através da compra de jogadores das equipas que defrontaram o Sporting.

Quem denunciou o caso que viria a dar origem à investigação da Operação Cashball foi um agente desportivo ligado ao andebol que delatou que o empresário Paulo Silva o tinha tentado corromper no Porto, daí que o inquérito esteja a ser dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto.

O empresário Paulo Silva ficou proibido de falar com os outros arguidos e foi impedido de prestar declarações à comunicação social. Paulo Silva admitiu ao Correio da Manhã que pagou a árbitros para beneficiar a equipa de andebol do Sporting em vários jogos no campeonato 2016/17, campeonato esse em que os “leões” se sagraram campeões.

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