Morreu Posada Carriles, o homem que mataria Fidel assim que o encontrasse

Posada Carriles, militante cubano anti-Castro que colaborou com a CIA para derrubar o regime comunista, morreu nesta quarta-feira aos 90 anos em Miami.

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Carriles foi acusado de organizar uma série de atentados em Cuba XX

Luis Posada Carriles, militante cubano anti-Castro que colaborou com a CIA para derrubar o regime comunista, morreu nesta quarta-feira aos 90 anos em Miami. Não se conhecem as causas da morte, mas tinha-lhe sido diagnosticado cancro na garganta há cinco anos.

A morte foi confirmada pelo advogado de Carriles, Arturo Hernandez, à Associated Press: “Terminou uma extraordinária vida”, disse. “É muito triste para mim dizer adeus a um homem tão grande”.

Posada Carriles fez parte de um grupo de cubanos que partiram para o exílio nos Estados Unidos na década de 1960 e que foram treinados pela CIA para derrubar o regime de Fidel Castro, missão que acabou por falhar apesar das várias tentativas feitas.

O militante, caracterizado pelo radicalismo, nunca renunciou à violência como ferramenta para a mudança política em Cuba. Foi acusado de, em 1997, ter organizado uma séries de atentados à bomba contra hotéis em Havana, que mataram um turista italiano, e contra um avião cubano, em 1976 (morreram 73 pessoas). Posada Carriles negou sempre qualquer responsabilidade.

Em 2011, lembra a AP, foi absolvido por um tribunal de El Paso, no Texas, num processo onde era acusado de mentir às autoridades norte-americanas relativamente ao seu papel nos ataques em Havana para obter asilo político.

“Se Castro entrasse por esta porta eu matava-o. Não porque o odeio mas porque mataria uma barata também”, disse Carriles à AP numa série de entrevistas entre 2009 e 2010.

Visto por muitos como um terrorista sanguinário, Carriles foi recebido como um herói por outros, nomeadamente pela comunidade cubana em Miami.

Assim que Castro conquistou o poder em Cuba em 1959, Carriles juntou-se à oposição ao regime. Acabou por fugir para o México em 1961 e, pouco tempo depois, para os EUA.

Durante a sua colaboração com a CIA, Posada Carriles treinou durante a preparação para a operação que ficou conhecida por Invasão da Baía dos Porcos, mas não chegou a participar.

De acordo com a AP, os agentes da CIA descreveram-no, na altura, como alguém confiável e com um ainfluência razoável entre os cubanos exilados nos EUA.

Durante alguns anos andou desaparecido, apesar de ser conhecido que sobreviveu, em 1990, a uma tentativa de assassínio na Guatemala. O ataque de que foi alvo deixou a sua cara e corpo marcados pelas balas e afectou permanentemente a sua fala.

Em 2004, foi preso e condenado no Panamá por envolvimento numa tentativa de homicídio contra Fidel Castro. Em 2005, a Presidente panamenha Mireya Moscoso concedeu-lhe um indulto e foi libertado.

Nesse mesmo ano regressou a Miami, e dois meses depois foi detido pelas autoridades norte-americanas. A detenção ocorreu na sequência de uma intensa pressão sobre a Administração Bush para que Carriles fosse tratado da mesma forma que outros acusados de terrorismo. Porém, depois de Washington ter recusado uma extradição para Cuba ou Venezuela, Carriles foi ilibado das acusações de terrorismo e foi condenado por ter entrado clandestinamente em território norte-americano.

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