Conhecido jornalista opositor de Sissi preso no Egipto

Wael Abbas foi levado de casa com os olhos vendados e em pijama. Foi “sequestrado, e não preso”, denunciou o seu advogado.

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O Presidente Sissi é acusado de estar a silenciar a dissidência Reuters

As forças de segurança egípcias detiveram nesta quarta-feira o conhecido jornalista Wael Abbas, anunciou o seu advogado. Os grupos de defesa dos direitos humanos dizem que foi preso no âmbito da campanha do Governo para silenciar as críticas.

Abbas foi levado de casa e o seu paradeiro é incerto, disse o advogado Gamal Eid através do Twitter.
Duas fontes de segurança, que não quiseram ser identificadas, confirmaram que Abbas foi detido, mas não deram pormenores sobre os motivos.

A Rede Árabe de Informação sobre Direitos Humanos divulgou que polícias armados invadiram a casa de Abbas ao amanhecer, sem apresentar um mandado de prisão. Taparam-lhe os olhos e levaram-no, ainda em pijama. Na sua mensagem no Twitter, Eid sublinha que Abbas foi “sequestrado, e não preso”.

Abbas tornou-se conhecido depois de publicar, no seu blogue, vídeos mostrando a brutalidade policial. Um desses vídeos, publicado em 2006, levou a uma investigação que resultou numa rara condenação de dois polícias.

O jornalista recebeu o Prémio Internacional de Jornalismo Knight International Centre em 2007.

Os grupos de defesa dos direitos humanos dizem que o presidente Abdel Fattah al-Sissi tem em curso uma campanha de repressão e neutralização dos dissidentes. Desde 2013, quando Sissi assumiu o poder, milhares de opositores islamistas e liberais e jornalistas forem detidos. 

Sissi, que depôs o presidente Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana (islamista), depois de protestos em massa contra o Governo deste, nega que existam prisioneiros políticos no Egipto.

Na semana passada, o promotor de segurança do país ordenou que Haitham Mohamedeen, um advogado de esquerda, e Shady Ghazaly Harb, uma das principais figuras da oposição durante a revolta que levou ao derrube de Hosni Mubarack em 2011, fossem detidos durante 15 dias e investigados por possível participação numa organização terrorista.

Na terça-feira, um tribunal sentenciou o jornalista Ismail al-Iskandarani a dez anos de prisão — tinha sido acusado de publicar notícias falsas e segredos militares no seu trabalho sobre uma campanha do Exército contra radicais islamistas na península do Sinai, disse seu advogado. A Amnistia Internacional condenou esta condenação.

E, numa decisão sem precedentes, as autoridades prenderam um ex-chefe militar em Janeiro, antes que este pudesse candidatar-se contra Sissi nas presidenciais de Março.

“As autoridades egípcias continuam a sua campanha para silenciar todas as vozes críticas e para fabricar casos contra elas, com o objectivo de as silenciar”, disse em comunicado a Rede Árabe de Informação sobre Direitos Humanos.

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