A marginalidade vai estar em debate na Universidade do Minho

Em parceria com a Universidade de León, a Universidade do Minho vai organizar um seminário internacional com o nome “Os Marginais”. A conferência, a decorrer no Anfiteatro da Escola de Engenharia, no Campus de Gualtar, tem início esta quinta-feira.

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A prostituição será um dos temas em destaque no seminário internacional "Os Marginais". Paulo Pimenta

A Universidade do Minho vai juntar oradores portugueses e espanhóis, num seminário internacional que se debruça sobre a marginalidade entre os séculos XVI e XIX. Com início marcado para quinta-feira às 9h, a conferência "Os Marginais" está aberta ao grande público mas destina-se sobretudo à comunidade académica.

A prostituição, a loucura, os expostos, as mulheres, criadas, doentes, miseráveis, órfãos, presos e peregrinos são alguns dos temas que vão ser discutidos entre quinta e sexta-feira, no Anfiteatro da Escola de Engenharia, no Campus de Gualtar na Universidade do Minho.

Segundo Marta Lobo, coordenadora do seminário, estarão representadas “todas as universidades portuguesas onde existem cursos de história” e também algumas universidades espanholas, com as quais a Universidade do Minho tem vindo a colaborar nos últimos anos.

A ideia partiu de Marta Lobo, professora de História Moderna, que decidiu reunir o seu grupo de trabalho, “jovens investigadores, alunos de mestrado, alunos de doutoramento, alunos já doutorados, ex-alunos e também colegas de outras universidades portuguesas" para debater os contornos da marginalidade na Idade Moderna.

Mas o tema é mais actual do que se possa pensar: “Nós trabalhamos desde o século XVI em diante e o seminário vem até ao século XIX, mas marginais sempre houve: prostitutas, presos, loucos, expostos, mulheres enclausuradas, ciganos. Estes grupos sempre viveram à margem e estão mais visíveis na sociedade em períodos de crise, sobretudo crise económica”, declara Marta Lobo.

O contraste entre o passado e o presente será recorrente ao longo de todo o evento e, apesar dos avanços, acredita que Portugal tem ainda um longo caminho pela frente. “Apesar das alterações profundas da sociedade portuguesa, principalmente na segunda metade do século XX e muito particularmente a partir do 25 de Abril, há ainda muitos estigmas sobre os criminosos, sobre os loucos, sobre as prostitutas e não podemos esconder esta realidade”, explica.

Para a professora da Universidade do Minho, compreender como actuava a sociedade no passado e que mecanismos usava para combater a marginalidade é essencial para perceber de que forma é que ela se reflecte nos nossos dias. “É bom que conheçamos, não apenas a marginalidade dos séculos passados, mas sobretudo como é que a sociedade se organizou para a combater e para diminuir os marginais, os pobres, as prostitutas, como assistiu os loucos, como começou a tratar a loucura, como surgiu a psiquiatria”, esclarece.

O seminário pretende ainda estabelecer uma comparação entre Portugal e o país vizinho, onde o cenário não era muito diferente. “Ouvir, compreender, estudar de que forma é que noutro contexto, muito próximo do nosso, a sociedade e os fenómenos sociais se passavam é de facto um desafio e vermos de que forma é que actuavam comparativamente com a nossa dinâmica social é fundamental”, nota a coordenadora do evento.

Até sexta-feira, os estudantes e investigadores da Universidade do Minho terão também a oportunidade de apresentar os resultados dos estudos que têm vindo a desenvolver acerca da marginalidade.

Texto editado por Ana Fernandes

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