No BCP, para os generais tudo e para os soldados nada?

Talvez a administração não valorize devidamente a paz social e laboral no BCP, ou a dê como um dado adquirido. Talvez esteja a cometer um grande erro. Talvez.

Bancos multiplicam resultados e ganham quase 500 milhões de euros em três meses, noticiava recentemente o jornal online Eco. Banca lucra mais de 5 milhões euros por dia, destacava também o semanário Sol.

O BCP, em particular, lucrou mais de 85 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, num sinal de que os dias mais difíceis poderão ter terminado. Tanto que assim é que a instituição decidiu submeter à assembleia geral, a realizar no próximo dia 30 de Maio, uma proposta de pagamento extraordinário de 4,9 milhões de euros para os fundos de pensões dos actuais administradores executivos.

Esta proposta seria, porventura, absolutamente pacífica se se enquadrasse numa abordagem global que envolvesse igualmente os trabalhadores, bem como os próprios accionistas.

Infelizmente, a administração do BCP limitou-se a olhar apenas - e em primeiríssimo lugar - para o seu próprio umbigo. Quanto aos outros, os accionistas continuam sem receber dividendos e os trabalhadores constatam, com espanto e tristeza, que o seu Fundo Complementar de Pensões foi olimpicamente ignorado.

Temos, portanto, generais exclusivamente preocupados consigo próprios e que desvalorizam o bem-estar dos seus soldados, com isso revelando uma menor preocupação com a paz social e laboral no seio da instituição.

Sejamos claros. A falta de bom senso e de justiça é desconcertante, pelo que, sem prejuízo de outras iniciativas, o assunto será certamente suscitado na próxima assembleia geral do BCP.

Este desrespeito iminente para com os trabalhadores é uma linha vermelha que não deixará de ter consequências. Compete à administração da instituição - e aos accionistas - pensar muito bem se se quer mesmo enveredar por esse caminho, assumindo todas as consequências que daí advirão, ou se em nome do bom senso e da justiça se zela pelos interesses de todas as partes.

Talvez a administração não valorize devidamente a paz social e laboral no BCP, ou a dê como um dado adquirido. Talvez esteja a cometer um grande erro. Talvez.

 

 

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