Santa Maria aguarda autorizações para contratar enfermeiros e repor serviços

Um sector do departamento de cirurgia do Hospital Santa Maria, com cerca de 20 camas, foi encerrado e foi feita uma revisão da capacidade de internamento na área da nefrologia pediátrica, segundo o administrador do Centro Hospitalar Lisboa Norte.

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A saída de mais de 100 enfermeiros obrigou o Hospital de Santa Maria a encerrar alguns serviços ENRIC VIVES-RUBIO/arquivo

O administrador do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, admitiu esta terça-feira constrangimentos causados pela saída de 100 enfermeiros "muito especializados", afirmando que aguarda autorizações de contratação para reabrir áreas encerradas temporariamente para garantir a segurança dos doentes.

O Diário de Notícias avança, na edição desta terça-feira, que a saída de mais de 100 enfermeiros desde Janeiro obrigou o Hospital de Santa Maria a fechar camas, transferir a unidade de nefrologia para um piso com menos camas e encerrar um sector de cirurgia e que, até agora, foram apenas admitidos 49 profissionais. Contactado pela agência Lusa, o administrador do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), Carlos Martins, afirmou que "os números são verdadeiros" e explicou que a questão da falta de recursos humanos "não é nova".

"É verdade que saíram 100 enfermeiros de uma só vez por concurso, é verdade que só conseguimos, até à data, ter autorizações para 50, também é verdade que aguardamos autorizações de contratação por quem de direito e esperamos, em breve, ter reposta a nossa capacidade, por forma a reabrir algumas áreas que, preventivamente, foram temporariamente encerradas", disse. Segundo o responsável, foi fechado um sector do departamento de cirurgia, com cerca de 20 camas, e foi feita uma revisão da capacidade de internamento na área da nefrologia pediátrica. Situações que, disse, podem voltar ao normal quando for regularizado o número de profissionais de saúde.

"Encerrar um sector significa deslocar os profissionais para outras áreas, reforçando a capacidade de resposta e não prejudicando a qualidade assistencial", explicou. A medida visa, "sobretudo, evitar riscos desnecessários em termos da segurança do doente e na prática do profissional de saúde", sublinhou.

Carlos Martins lembrou que o Santa Maria é "uma instituição grande", com "necessidades permanentes" de recursos humanos, observando que, diariamente, cerca de 750 a 800 profissionais estão "legitimamente com dispensa de estar a trabalhar", de um total de 6500, o que obriga a uma gestão eficiente. 

"Não é de um dia para o outro que se contrata 100 enfermeiros"

"Saíram de repente 100 enfermeiros e não é de um dia para o outro que se contrata 100 enfermeiros", disse, explicando que os profissionais deixaram o hospital porque receberam "ofertas mais aliciantes" a nível profissional e financeiro do sector privado e social ou decidiram ir para outras instituições públicas por situações pessoais. Esta situação ainda causa maiores constrangimentos porque os enfermeiros que saíram tinham "muitos anos de experiência" e eram "muito especializados". "Com a devida vénia aos jovens enfermeiros que entram", estes "não compensam de imediato, a nível da experiência e capacidade de trabalho, as perdas que têm ocorrido". Isto "são preocupações diárias da gestão", frisou.

O presidente do CHLN refutou que as urgências e o serviço de otorrino estejam a ser assegurados por internos: "É uma inverdade que me entristece [porque] é pôr em causa centenas de profissionais" que todos os dias "dão o seu melhor". Numa instituição da dimensão do Santa Maria em que todos os dias se realizam "milhares de exames, se atendem milhares de doentes" e se realiza cerca de "uma centena a uma centena e meia de cirurgias programadas por dia às vezes nem tudo corre bem, mas a nossa vontade é que corra sempre tudo bem e é isso que esperamos que aconteça".

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