FPF exclui Desp. Aves da Liga Europa, clube queixa-se de "intransigência"

Federação diz que vencedor da Taça de Portugal "não reúne condições". A UEFA põe-se de lado e diz que divulga lista final em Junho.

Foto
A vitória na Taça de Portugal, cuja final se jogou no Jamor, daria direito à entrada directa na fase de grupos da Liga Europa Nuno Ferreira Santos

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) confirmou nesta terça-feira a exclusão do Desportivo das Aves do lote de clubes portugueses licenciados para participar nas competições europeias na época 2018-19. Porém, o presidente do clube, Armando Silva, não se conforma e disse ao PÚBLICO que o caso está nas mãos do departamento jurídico, criticando a "intransigência" da FPF. Questionada pelo PÚBLICO, a UEFA põe-se à margem da polémica e limita-se a dizer que comunicará a lista dos clubes em prova no início de Junho.

A FPF sustenta que o Desportivo das Aves "não reúne condições para ser indicado à UEFA por não ter participado no processo de licenciamento". Num comunicado divulgado esta tarde, a federação acrescenta que, neste cenário, Portugal será representado por FC Porto e Benfica (Liga dos Campeões) e Sporting, Sporting de Braga e Rio Ave (Liga Europa). "A FPF indicou os cinco clubes mais bem classificados da Liga", salienta.

Para o presidente do Desp. Aves, Armando Silva, esta decisão não faz sentido. Salientando que o processo de licenciamento é de âmbito nacional, o mesmo responsável defende que "haveria tempo para corrigir o que fosse necessário corrigir", até porque a UEFA "só fecha este processo em Junho". O mesmo mês é referido pelo organismo que rege o futebol europeu que, em resposta a um email do PÚBLICO, se coloca cuidadosamente à margem da polémica, limitando-se a prestar uma informação genérica: a de que "a lista de clubes participantes nas competições da UEFA na próxima época 2018-19 será conhecida no início de Junho".

Com esta decisão adversa ao Desp. Aves, saem a ganhar Sporting, Sp. Braga e Rio Ave: a equipa de Alvalade passa a ter acesso directo à fase de grupos da Liga Europa, em vez de jogar a terceira pré-eliminatória; os bracarenses evitam a segunda pré-eliminatória; e o emblema de Vila do Conde passa a ter direito a disputar um lugar na competição, começando pela segunda pré-eliminatória. 

"Há aqui uma intransigência por parte da FPF que não se compreende", lamenta Armando Silva, acrescentando que entregou este dossier aos juristas do clube. "O Aves manifestou interesse no processo de licenciamento, admito que com erros ou de uma forma não totalmente correcta, mas ainda há tempo para corrigir as coisas", sustenta o dirigente. Contudo, o comunicado emitido pela FPF esta tarde mostra que o organismo que rege o futebol nacional não teve a mesma opinião.

Para poderem participar em provas europeias, os clubes interessados ou qualificados têm de passar por um processo de licenciamento assente em critérios diversificados, desde logísticos a financeiros. Por exemplo, ter as contas em dia ou disponibilizar um estádio com as condições mínimas exigidas pela UEFA. Segundo a FPF, para a época 2018-19, houve 13 clubes portugueses a participarem nesse processo, que é gerido de forma autónoma por uma entidade denominada Órgão de Gestão de Licenciamento. Os interessados tinham até Dezembro de 2017 para darem início ao seu processo, liquidando na altura a respectiva taxa. Como o PÚBLICO noticiou, o Desportivo das Aves não cumpriu os prazos.

Ainda assim, Armando Silva argumenta que o clube "tem todas as condições financeiras e o interesse em participar na Liga Europa", na qual teria acesso directo à fase de grupos, sem passar pelas pré-eliminatórias. Quanto ao estádio – um dos critérios fundamentais e que o Desp. Aves não cumpre – Armando Silva diz que essa questão seria "facilmente ultrapassada" com recurso a um estádio que preencha os requisitos, citando os de Guimarães, Braga e Porto (Boavista).

Sugerir correcção
Ler 8 comentários