22 de Maio de 1998: só passaram 20 anos!

Tinha no bolso um fabuloso Alcatel One Touch Easy, aquele que ficou conhecido pelo Mimo. Não tirava fotografias, não se ligava à internet, nem sequer era possível carregar música em mp3, em suma: não tinha nada! Nada. Era um telefone. Só isso. Um telefone que só tinha capacidade para cinco chamadas perdidas e que só dava para ver três linhas de texto quando se escrevia uma mensagem.

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Tinha no bolso um fabuloso Alcatel One Touch Easy, aquele que ficou conhecido pelo Mimo. Não tirava fotografias, não se ligava à internet, nem sequer era possível carregar música em mp3, em suma: não tinha nada! Nada. Era um telefone. Só isso. Um telefone que só tinha capacidade para cinco chamadas perdidas e que só dava para ver três linhas de texto quando se escrevia uma mensagem.

No outro bolso algumas moedas de escudo e umas notitas, poucas!, porque a faculdade levava o dinheiro todo aos meus pais.

Fui bisbilhotar as fotografias que tirei com a minha Canon analógica para avivar a memória e lá estou eu em plena exposição universal no dia 22 de maio de 1998, data da inauguração da Expo 98.

No ano de um Porto tetra-campeão com o Benfica de Graeme Souness a terminar em 2.º, o que apesar de tudo foi muito bom, estava eu no meu 1º ano da licenciatura em design, no IADE.

Nesse dia 22 de maio “devo” ter faltado às aulas, eu e muitos outros. Foi um dia épico!

Vimos tudo, criticámos ainda mais! Lembro-me particularmente dos pictogramas que nos ajudavam a encontrar caminhos e destinos. Na altura para nós, caloiros estudantes de design, ainda não eram pictogramas, eram só uns bonequinhos pretos em fundo amarelo que ninguém entendia. Especialmente os que indicavam os sanitários: dois círculos com uns olhitos no centro, num deles no topo um laço, no outro em baixo... um laço! Formalmente é, ou foi como preferirem, uma representação interessante, pois apenas com a rotação de 180º o mesmo pictograma adquiria diferença de género. No entanto sob o ponto de vista do significado o pictograma perdia-se porque os códigos universais a que os utilizadores estão habituados a utilizar não eram os replicados pelo designer Shigeo Fukuda, autor da família pictográfica para a Expo 98.

Lembro-me também do tempo que passámos nas filas, claro, mas especialmente do tempo que demorámos a percorrer o Pavilhão do Futuro. Este pavilhão era especial para nós: os interiores tinham sido desenvolvidos por um dos nossos professores, que passou a ser dos melhores professores que tivemos assim que soubemos que tinha estado envolvido na mega exposição universal.

Hoje está quase tudo na mesma, o Porto lá foi campeão e o Benfica terminou em 2.º. Continuo a ter no bolso um telefone e no outro algumas notitas, também elas poucas!

Casei com a namorada que tinha em 1998, e lá ando eu pelo IADE a circular pelos mesmos corredores, mas felizmente já com o curso terminado.

Vinte anos será para uns muito tempo, mas para outros parece que foi ontem. Eu sou dos outros, pois para mim essa exposição acabou de acontecer.