As cartas que Camilo José Cela trocou com outros autores galegos vão ser digitalizadas

Governo da Galiza vai disponibilizar aos investigadores e ao público interessado um milhar de missivas que fazem parte dos arquivos do Nobel da Literatura de 1989.

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Camilo José Cela Enrique Shore/ REUTERS

Além de poesia, contos, novelas e romances, Camilo José Cela (1916-2002) gostava de escrever cartas aos amigos e conhecidos – de escrever muitas cartas!... O acervo que legou em 1990 à fundação com o seu nome, gerida pela Junta da Galiza, a sua região natal, contém o número impressionante de perto de 95 mil missivas, trocadas com cerca de 13 mil destinatários.

Este número, expressão de uma epistolografia invulgar, foi agora lembrado a propósito da assinatura, este sábado, na cidade galega de Padrón – onde o Nobel da Literatura de 1989 nasceu a 11 de Maio de 1916 –, de um protocolo entre a Junta da Galiza e o Conselho de Cultura Galega (CCG) visando a digitalização de cerca de um milhar dessas cartas, que o autor de A Colmeia trocou com outros escritores e artistas, amigos ou apenas leitores galegos. Entre eles, estão nomes como Isaac Díaz Pardo, Celso Emilio Ferreira, Xojé Neira Vilas, Ben-Cho-Sey ou Xosé María Álvarez Blásquez, citados pela imprensa espanhola que noticiou o evento.

São cartas e textos que “ajudam a perceber a relação de uma figura central da cultura espanhola com algumas das figuras da cultura galega”, disse, após a assinatura do convénio, o presidente da CCG, Ramón Villares.

Na mesma ocasião, o vereador da Cultura do Governo galego, Román Rodríguez, lembrou que este é um conjunto “único”, que tanto inclui cópias das cartas escritas e enviadas por Cela, como os originais que ele foi recebendo ao longo da sua vida.

Entre este espólio encontram-se cartas de alguns escritores que participaram na redacção da revista literária Papeles de Son Armadans (1956-1979), que o escritor fundou e dirigiu quando viveu em Palma de Maiorca.

Uma vez digitalizado e organizado, este espólio será posto à disposição do público interessado e dos investigadores através de um arquivo na página web do CCG.

Exclusivamente centrado na correspondência trocada com personalidades da cultura galega – o que significa “uma minoria” das cartas que integram a colecção guardada na fundação, realçou Villares –, este trabalho vai também permitir a conservação de “fundos epistolares que são muito frágeis”, já que constituídos por “folhas soltas que se podem deteriorar facilmente”, acrescentou o conselheiro do CCG, em declarações à agência Europa Press (EP).

Sem data anunciada para a conclusão desta operação, ela será gerida pela Fundação Pública Camilo José Cela, com sede na localidade de Iria Flavia, concelho de Padrón, cujo património inclui, além das cartas e dos manuscritos do Nobel da Literatura, as edições respectivas, a sua biblioteca pessoal e uma hemeroteca, e ainda a colecção de pintura do escritor, que inclui obras de pintores como Picasso e Miró.

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