A minha maldição

Não há parte que me toque neste casamento. É essa a loucura. Sem ter dado por isso dou comigo a estar do lado de certas personagens (os noivos, os pais da noiva, a pobre Fergie) e ferozmente contra outras.

Chega uma certa altura e já não se consegue não falar no casamento de Meghan e Harry. Os jornais ingleses entraram em delírio permanente e já não se pode olhar para uma primeira página sem absorver involuntariamente dois ou três nacos de informação inútil sobre o raio do casamento.

Eu nunca vi a série Suits mas sei quais são os colegas dela que foram convidados. Não sigo o Instagram mas os jornais fazem o favor de espetar todos os posts do Instagram feitos por quem vai ao casamento.

A minha cabeça está muito ocupada mas não sei como arranjou espaço para enfiar balelas sobre o hotel onde vão passar a lua de mel e arquivar vastos dossiers de horror sobre a família da parte do pai da noiva.

Não conheço Meghan Markle nem o príncipe Harry mas — eis a prova que me lavaram surrepticiamente o cérebro — já estou cheio de admiração por ela e ele. Também tenho pena dos dois — como casal e individualmente. Se isto não é sinal de contaminação, não sei o que é: apetece-me pedir-lhes desculpa, pela parte que me toca, pelo incómodo causada por outros seres humanos.

Ora não há parte que me toque neste casamento. É essa a loucura. Sem ter dado por isso dou comigo a estar do lado de certas personagens (os noivos, os pais da noiva, a pobre Fergie) e ferozmente contra outras, como a meia-irmã Samantha e o meio-irmão Tom.

Dou comigo a achar que Samantha Markle é má e invejosa e que Tom Markle Jr é um sacana de primeira por causa da carta que escreveu a Harry — que eu li. Estou frito. Socorro.

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