“Queremos mais, muito mais turistas” em Aveiro

A cidade da ria tem assistido, nos últimos dois anos, a um forte crescimento da afluência de turistas, com as vantagens e desvantagens que daí resultam. Mas o líder da autarquia garante que Aveiro tem sido capaz de garantir “um equilíbrio”.

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O crescimento do turismo em Aveiro tem sido exponencial Adriano Miranda

Os números oficiais são claros mas, no caso particular da cidade de Aveiro, quase nem era preciso recorrer aos dados do Instituto Nacional de Estatística – o cenário que se vive nalguns pontos do centro urbano fala por si. A afluência de turistas tem vindo a aumentar exponencialmente, desde há dois anos, com todas as vantagens e desvantagens que daí advêm. Criaram-se novos negócios e postos de trabalho, é um facto, mas os residentes também têm sido confrontados com impactos negativos. Exemplos? Em dias de época alta, geram-se extensas filas de trânsito naquele que é o principal nó de entrada na cidade e a zona do Rossio quase que deixa de ter lugar para quem é da terra.

Não obstante algumas preocupações que vão sendo manifestadas, ocasionalmente, por alguns cidadãos ou agentes políticos, o presidente da câmara municipal de Aveiro, Ribau Esteves, considera que a capital de distrito tem sido capaz de garantir “um equilíbrio”. Isto, apesar de reconhecer que existem “factores a limitar o crescimento [turístico] e que em várias componentes fazem com que haja alguns impactos negativos”. Quais? “Precisávamos de mais hotéis, precisamos de mais restaurantes, porque temos já muitos dias do ano em que não há camas disponíveis e em que há gente à espera, à porta dos restaurantes”, ilustra. “A verdade é que o crescimento turístico dos últimos dois anos – este está a ser o terceiro ano de forte crescimento – tem sido muito grande e estes dois factores não o têm acompanhado”, nota Ribau Esteves.

E se para o autarca aveirense é certo que “quem está em primeiro lugar são os cidadãos residentes”, também é clara a perspectiva para o futuro: “Queremos mais, muito mais turistas”, afiança. Com essa nota, em jeito de recomendação, para os habitantes locais que se queixam dos impactos negativos: “nós, residentes, devemos ter o cuidado de compatibilizar os nossos hábitos com as circunstâncias que advêm do aumento de turistas”. “Porque é que havemos de entrar e sair da cidade sempre pelo nó das Pirâmides, que é o acesso que toda a gente que não é de cá usa? Porque é que não usamos o nó de Esgueira ou o nó das Agras?”, questiona, exemplificando com o caso concreto dos congestionamentos de trânsito na principal entrada da cidade.

Assumida a “simpatia” do actual executivo (PSD/CDS-PP) em relação aos turistas, fica a garantia de que é intenção da autarquia “continuar a fazer procedimentos de licenciamento com a maior agilidade possível para as operações que são úteis neste processo” — nomeadamente as relativas aos subsectores da “hotelaria e restauração” —, promete Ribau Esteves.

Urge definir as regras do jogo

Se há áreas de negócios que têm conseguido (e sabido) acompanhar o aumento da afluência de turistas na cidade da Ria, são os passeios em embarcações tradicionais (moliceiros, mercantéis, etc.) e nos chamados “transportes de fruição turística” (tuk-tuks, comboios, autocarros, entre outros). Tanto na água como em terra, não faltam empresas a trabalhar, sendo que, no caso concreto dos comboios turísticos, há quem alerte para a necessidade de serem clarificadas as regras do jogo. “Somos o único operador turístico que tem um veículo que não pode passar na zona do Rossio”, lamentam Fernando Catarino e Mário Santos, da Cale do Oiro, empresa que detém um hotel, um comboio turístico, uma lancha, três moliceiros e uma marinha de sal.

Na base das queixas destes empresários está o facto de a licença emitida pela autarquia os impedir de circular na zona com maior concentração de turistas. “Tudo porque há um outro comboio, de uma outra empresa, a operar lá, mas nós até já conversámos com os nossos concorrentes e havia abertura para chegar a um acordo. Mas a câmara tarda em resolver o assunto”, criticam.

O presidente da câmara garante que esta diferença apenas se ficou a dever à “cronologia da entrada das propostas” na autarquia. “Na altura, houve um primeiro comboio que nós licenciámos. Quando foi proposto um segundo comboio, também o licenciámos mas com pontos de paragem e circuitos diferentes do primeiro”, fundamenta. De qualquer das formas, assegura Ribau Esteves, esta é uma questão que será ultrapassada, em breve, quando ficar concluída a revisão do Regulamento de Gestão da Mobilidade – que congrega as normas aplicáveis aos transportes de índole e fruição turística. “Acto imediato à entrada em vigor do novo regulamento, lançaremos concurso público para os chamados circuitos turísticos. Os concursos irão ter um prazo (que deverá andar à volta dos cinco anos) e, obviamente, quem der mais é quem vai ganhar os circuitos”, remata o autarca.

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