O zimbro tónico

É preciso muita lata para vender o zimbro a 300 euros o quilo — e ser um grande otário para comprar zimbro a qualquer preço.

O Corte Inglés tem umas embalagens muito giras com zimbro para temperar e decorar os gin-tónicos. Para obter esse precioso zimbro é preciso ir lá e comprar ou pagar mais para mandar vir e ficar em casa à espera que chegue. Na Amazon os bagos mais recomendados, da marca Samarkand, custam 12 libras por 45 gramas. Isto dá cerca de 300 euros por um quilo.

Até que um dia, visitando a casa de Raúl Lino nas Azenhas do Mar, reparei que estava cercada por arbustos de zimbro. Em meia-hora apanham-se centenas de grãos de zimbro fresquinho, escolhendo apenas os perfeitos.

Depois foi o Guincho, coberto de zimbro. Comecei a comparar os sabores e a fazer apontamentos sobre os respectivos terroirs. Mentalmente redijo rótulos de futuros gins portugueses, com edições do Cabo da Roca, do Cabo Espichel e do Cabo Sardão, da Serra da Estrela, do Minho e de Trás-os-Montes. Quanto mais longe e pitoresco, mais caro.

Levei tempo a perceber que na costa portuguesa o que é difícil é evitar o zimbro. Está em todo o lado. Se tem medo do zimbro é melhor começar já a correr. Cresce maravilhosamente sem ajuda nem água. Como aliás acontece com todo o zimbro em todos os países. É sempre selvagem e apanha-se da mesmíssima maneira. É preciso muita lata para vender o zimbro a 300 euros o quilo — e ser um grande otário para comprar zimbro a qualquer preço.

Apanha-se quando se volta da praia. Cresce ali mesmo, à mão de quem passa, pronto para um gin-tónico de fim de tarde. Como é que nunca o vi antes? Não sei.

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