João Salaviza e Renée Nader Messora premiados na secção Un Certain Regard

Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos recebeu o prémio especial do júri desta secção paralela do Festival de Cannes.

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Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, o filme que João Salaviza e Renée Nader Messora foram fazer ao estado de Tocantins, no Brasil, recebeu o Prémio Especial do Júri Un Certain Regard, secção paralela à selecção oficial do Festival de Cannes. Ficção rodada junto dos krahô — povo indígena do Brasil que Renée conhecia há dez anos e ao qual expôs João na ressaca da produção de Montanha, a anterior longa do realizador português, de que ela foi assistente —, começou como um filme de fuga a uma “parafernália”, o cinema com as suas equipas grandes, os seus compromissos de produção, e acabou na historia do jovem índio Ihjãc, personagem perseguida e atordoada pela "realidade" e pelos "fantasmas", que é o reencontro com o cinema como fabricação do mundo. João e Renée reencontram uma potência a céu aberto, a aldeia da Pedra Branca, com as suas pessoas, os elementos, os animais.

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Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, o filme que João Salaviza e Renée Nader Messora foram fazer ao estado de Tocantins, no Brasil, recebeu o Prémio Especial do Júri Un Certain Regard, secção paralela à selecção oficial do Festival de Cannes. Ficção rodada junto dos krahô — povo indígena do Brasil que Renée conhecia há dez anos e ao qual expôs João na ressaca da produção de Montanha, a anterior longa do realizador português, de que ela foi assistente —, começou como um filme de fuga a uma “parafernália”, o cinema com as suas equipas grandes, os seus compromissos de produção, e acabou na historia do jovem índio Ihjãc, personagem perseguida e atordoada pela "realidade" e pelos "fantasmas", que é o reencontro com o cinema como fabricação do mundo. João e Renée reencontram uma potência a céu aberto, a aldeia da Pedra Branca, com as suas pessoas, os elementos, os animais.

O júri Un Certain Regard, que era presidido por Benicio del Toro, atribuiu o seu prémio principal a Border, de Ali Abbasi, dinamarquês de origem iraniana que se mostrou pela primeira vez em Cannes com um sedutor híbrido de realismo e de folclore nórdico. Abbasi encontra um lugar envolvente para estar com as personagens – por exemplo, Tina, que fareja como um cão, e por isso ajuda a polícia a desmantelar uma rede de pedofilia, e que devido a uma anomalia cromossómica tem o corpo coberto com pêlos e o rosto deformado. Não as afasta do mundo (não afastando o filme do realismo, apesar de povoado por criaturas de lendas escandinavas), mas também não as submete às regras dominantes.  

Outro filme português, Diamantino, de Gabriel Abrantes-Daniel Schmidt, recebera na quarta-feira o Grande Prémio da 57.ª Semana da Crítica, atribuído pelo júri presidido pelo cineasta norueguês Joachim Trier e que integrou também os actores Chloe Sevigny e Nahuel Pérez Biscayart. O filme conta a história de um futebolista, uma super-estrela mundial deste desporto, cuja carreira cai em desgraça, mas que talvez possa salvar Portugal do esquecimento.