Gina Haspel confirmada como nova directora da CIA

Senado norte-americano aprovou nomeação polémica de agente que teve responsabilidades no programa de interrogação de suspeitos de terrorismo com recurso a tortura.

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Gina Haspel dirigiu um centro onde se praticou tortura na Tailândia Kevin Lamarque/REUTERS

O Senado norte-americano confirmou Gina Haspel como a nova directora da CIA, pondo fim a uma batalha em torno da sua participação no programa de tortura a suspeitos de terrorismo, após os ataques terroristas da Al-Qaeda em território dos Estados Unidos a 11 de Setembro de 2011.

Haspel, que trabalha há 33 anos na agência que passará a dirigir, geriu um centro de detenção na Tailândia onde um suspeito da Al-Qaeda foi torturado, em 2002, utilizando a técnica de simulação de afogamento (waterboarding). Na sua audição no Senado, garantiu que sob o seu comando a CIA não voltará a ter um programa de interrogatórios brutais. Assegurou que não cumprirá “ordens imorais” da Casa Branca, "mesmo que sejam tecnicamente legais”.

Estas declarações de Gina Haspel surgiram em resposta a perguntas do senador Mark Warner, do Partido Democrata, que acabou por votar a favor da nomeação. O nome da nova directora foi aprovado por 54 votos a favor e 45 contra, num total de 100 senadores – bastava-lhe uma maioria simples para ter a confirmação no cargo.

O senador republicano John McCain, que tem estado afastado do Congresso por estar a lutar contra o cancro no cérebro, apelou aos seus colegas no Senado para que rejeitassem a nomeação de Haspel – McCain foi torturado quando foi feito prisioneiro na Guerra do Vietname. 

O programa de "técnicas avançadas de interrogatório" da CIA, que arrancou logo após os atentados do 11 de Setembro, sob a Administração de George W. Bush, foi travado pelo Presidente Barack Obama em Janeiro de 2009. Mas Donald Trump tem prometido revalidar "o waterboarding e coisas muito piores" em interrogatórios a suspeitos de terrorismo.

Para além disso, o actual Presidente norte-americano defende que a tortura "funciona" – uma opinião contrariada no relatório do Senado sobre a prática de tortura pela CIA, divulgado parcialmente em Dezembro de 2014, onde se afirma que a tortura de prisioneiros não levou à revelação de informações relevantes, nem para deter outros suspeitos importantes, nem para travar planos de atentados terroristas.

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