UE tenta evitar debandada de empresas europeias do Irão

Algumas das maiores empresas do mundo sediadas na Europa - como a Maersk, Total ou Siemens - já afirmaram que não vão continuar a realizar negócios com Teerão se os EUA aplicarem sanções.

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A maior transportadora do mundo, a Maersk, foi a mais recente empresa a anunciar o corte com o Irão LUSA/THOMAS LEKFELDT

Algumas das maiores empresas do mundo sediadas na Europa - como a Maersk, Total ou Siemens - já afirmaram que não vão continuar a realizar negócios no Irão se vierem a sentir o impacto das novas sanções prometidas pelos EUA com a denúncia do acordo nuclear internacional.

A transportadora Maersk foi a mais recente grande empresa europeia a admitir que deixará de fazer negócios no Irão, depois de Donald Trump ter anunciado a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear e a consequente reposição das sanções contra Teerão.

No entanto, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ofereceu esta quinta-feira, em Sófia, uma esperança aos agentes económicos europeus, ao confirmar que Bruxelas vai avançar, já nos próximos dias, com medidas de salvaguarda dos interesses europeus.

“Esta sexta-feira começamos a lançar os recursos para neutralizar os efeitos extra-territoriais das sanções dos EUA”, anunciou Juncker. Entre as medidas previstas pelos parceiros europeus, está a reactivação da legislação que permite bloquear o impacto das sanções secundárias (e que a UE já adoptou, em 1996, para travar uma acção semelhante dos EUA e manter o comércio entre a Europa e Cuba, Líbia e o Irão).

Além disso, prosseguiu, Bruxelas decidiu autorizar o Banco Europeu de Investimento a facilitar o investimento das empresas europeias no Irão — provavelmente com a criação de linhas de crédito que permitam reconverter os financiamentos para euros em vez de dólares.

Para além do conglomerado dinamarquês e de outras empresas europeias, também a MSC, a segunda maior transportadora do mundo a seguir à Maersk, e o grupo de energia francês Total, um dos maiores do mundo, revelaram que iriam deixar de aceitar encomendas com origem no Irão.

Os sinais dados por estas empresas não são positivos para os signatários europeus do acordo que tentam salvar o Plano Abrangente de Acção Conjunta (JCPOA, na sigla em inglês). As multinacionais europeias receiam que as sanções dos EUA tragam prejuízos maiores aos benefícios da manutenção do comércio com os iranianos.

“Com as sanções que os americanos vão impor, não podemos fazer negócios no Irão se tivermos negócios nos EUA, e nós temo-los em larga escala”, explicou à Reuters o CEO da Maersk, Soren Skou.

“Não sei os timings exactos, mas estou certo de que vamos fechar (no Irão)”, disse ainda Skou.

Se as empresas não inflectirem a sua posição, será difícil aos líderes europeus oferecer garantias a Teerão para manter-se no acordo. Mas essa continua a ser a linha da UE. “Faremos tudo o que for necessário para proteger os nossos interesses económicos. A UE ficará no acordo enquanto o Irão mantiver o seu compromisso”, insistiu o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

“As empresas internacionais com interesses em muitos países fazem as suas escolhas de acordo com os seus próprios interesses. Devem continuar a ter a sua liberdade”, disse o Presidente francês, Emmanuel Macron, citado pela Reuters.

“Mas o que é importante é que as empresas, especialmente as médias empresas, que estão porventura menos expostas a outros mercados, americanos ou outros, possam fazer a sua escolha livremente”, acrescentou.

A Allianz, Siemens e a petrolífera que pertencia anteriormente ao conglomerado Maersk, a Maersk Tankers, foram outras das empresas que já avisaram que vão começar a deixar de negociar no Irão se os EUA aplicarem sanções a quem o faça.

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