Museu de História da Cidade abre com ícones de Viseu

A primeira “encarnação” do Museu de História da Cidade de Viseu abre portas esta sexta-feira na casa que durante anos foi Papelaria Dias, um dos estabelecimentos icónicos da cidade. Em três pisos e 14 salas é contada uma viagem com 2500 anos.

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“Ícones da história de Viseu: o despertar do museu” é a exposição que vai ficar durante dois anos na antiga casa da Papelaria Dias

O foral de D. Teresa com 895 anos, a ara romana do século 1 d.C e as jóias de D. Fernando da Idade do Ferro são alguns dos ícones de Viseu que estão expostos no Museu de História que ocupa o edifício da antiga Papelaria Dias, na Rua Direita, um antigo espaço icónico da cidade. É aqui que começa uma viagem com 2500 anos e o início de um museu que “ainda está na sua primeira encarnação”. Até o museu ter uma casa definitiva, o modelo passa pela existência de vários núcleos.

“Estamos a dar o primeiro passo no sentido de realizar um antigo desígnio da cidade. Ter um espaço que não salvaguarda apenas o património como conta a história. Esta é a casa de partida que tem a virtude de ser um passo que já não volta atrás”, explica Jorge Sobrado, vereador da Cultura. Para o autarca, a ambição do Museu da Cidade é maior. “Esta é a primeira encarnação que terá de ter outras encarnações que o projectem à dimensão histórica e patrimonial de Viseu e que permita também a relação desta casa e os núcleos não expositivos da cidade, nomeadamente o pólo arqueológico”, realça.

Jorge Sobrado lembrou que, em 1977, o município adquiriu o Solar dos Condes de Prime para aí instalar o museu, tendo depois este edifício acabado por acolher o Conservatório Regional de Música.

Oito minutos de filme para 2500 anos de história

“Ícones da história de Viseu: o despertar do museu” é a exposição que vai ficar durante dois anos na antiga casa da Papelaria Dias e que começa com oito minutos de filme para 2500 anos de história. Uma viagem que é acompanhada por ícones representativos de várias épocas, como as réplicas das jóias da colecção privada de D. Fernando que documentam a importância económica de Viseu na Idade do Ferro ou a Ara Vissaium que coloca a cidade no centro da vida política e cívica romana.

Em exibição está também, durante três meses, o foral de D. Teresa, documento com 895 anos e que vê pela primeira vez a luz do dia. “É um foral que confirma a importância de Viseu no contexto da pré-fundação do reino”, destaca o vereador da Cultura.

Desta viagem faz ainda parte o quadro “A descida da Cruz” de Grão Vasco, que atesta a cidade enquanto “berço do renascimento”, e as imagens iconográficas dos “heróis de Viseu” como Viriato, D. Ramiro ou João Torto.

Em destaque está também a maquete da Cava de Viriato, um dos monumentos em terra mais enigmáticos da história de Viseu. “É uma peça de arte realista, que permite uma observação do octógono com uma representação de acordo com a cultura do período da sua construção, datado do século X”, explica Jorge Sobrado.

O terceiro piso é dedicado à modernidade e aqui pode-se encontrar os cartazes propagandísticos de Viseu como “cidade-jardim” ou objectos que fazem parte da história da Feira de S. Mateus. Há fotografias antigas, mapas da cidade e até um jardim vertical.

“Temos aqui uma viagem apaixonante por 2500 anos. É uma viagem veloz conduzida pelos ícones que fazem a introdução a esta cidade histórica e monumental”, conclui Jorge Sobrado.

Um museu que guarda a cápsula do futuro

O Museu de História da Cidade de Viseu também é feito no futuro. Numa das salas está guardada a cápsula Vissaium 2038 que só será aberta daqui a 20 anos. No interior estão oito objetos. Um discurso, da autoria de Almeida Henriques (actual presidente da Câmara), uma notícia (do jornalista Pedro Santos Guerreiro), uma ideia (do escritor e pensador Luís Oliva), um som (da investigadora Raquel Castro), uma fotografia (de José Alfredo), um vinho (de Mafalda e José Perdigão), uma receita (de Diogo Rocha) e uma peça de artesanato (da artista Cristina Rodrigues). “É a nossa profecia para a cidade. Uma cápsula que é um meio caminho entre a recordação e o futuro”, desvenda o vereador da Cultura.

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