Degrau a degrau, Rúben Dias chegou ao topo da pirâmide

Central do Benfica é uma das surpresas da convocatória para o Mundial. O PÚBLICO recupera o percurso do jogador.

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LUSA/JOSE COELHO

De um lado, era a porta da cozinha, do outro, a porta do quarto. Foi neste campo improvisado, o corredor lá de casa, que Rúben Dias começou a dar destino a uma bola de futebol, com o irmão Ivan como companheiro e adversário nos torneios domésticos. Era ainda uma criança, longe de imaginar que um dia chegaria à selecção A para desempenhar um papel no Campeonato do Mundo. Mas uma criança determinada.

Na Amadora, onde o mais jovem convocado de Fernando Santos para o Rússia 2018 nasceu, ainda houve a natação e o karaté antes de a vida de Rúben se voltar, por inteiro, para o futebol. O primeiro passo foi facilitado por um amigo de escola, que jogava nas camadas jovens do Estrela da Amadora e que o convenceu a ir experimentar. Primeiro, o agora central deu nas vistas como avançado, impondo já a sua dimensão física, mas um jogo diante do Charneca da Caparica trocou-lhe as voltas. A equipa estava a precisar de um defesa de respeito e Rúben mostrou estar à altura do desafio.

Foi um ponto de viragem numa carreira que ainda não o era, mas que sempre contou com o apoio da família e com a presença assídua dos pais. No Estrela permaneceu entre 2006 e 2008, ano em que deu o salto para a formação do Benfica. Para o Seixal, levou a vontade de aprender e de se aperfeiçoar todos os dias, com o potencial e o trabalho a serem reconhecidos escalão atrás de escalão.

Foi assim no Benfica e foi assim na selecção. Primeiro nos sub-16 (cinco jogos), em 2013, e posteriormente nos sub-17 (18), sub-19 (21), sub-20 (15) e, mais recentemente, nos sub-21 (4). A chegada à equipa B dos “encarnados” elevou-lhe a notoriedade e ajudou a limar arestas, numa II Liga com índices de competitividade bem próximos do escalão principal. Victor Lindelof, em 2016-17, já tinha dado um passo em frente, rumo à equipa principal, e poucas dúvidas existiriam de que Rúben Dias seria o próximo.

Foi mesmo. Um produto da academia, um campeão nacional de iniciados (2012) e juvenis (2013) que há muito era trabalhado com os olhos postos no plantel às ordens de Rui Vitória. A lesão de Luisão, um dos muitos exemplos que o jogador de 21 anos tem hoje como modelo de orientação, escancarou-lhe as portas da titularidade do Benfica logo no arranque da temporada. E Rúben, uma vez mais, não desiludiu.

A estreia na equipa principal deu-se a 16 de Setembro de 2017, na visita dos “encarnados” ao Estádio do Bessa, para o campeonato. No Porto, a comitiva do Benfica averbou uma derrota, mas ganhou um central, que por essa altura já podia orgulhar-se de ter sido capitão da selecção no Mundial de sub-20. Nesta quinta-feira, com a decisão de Fernando Santos de preparar o palco para a renovação dos centrais da equipa A num futuro próximo, subiu mais um degrau. E tudo leva a crer que mantenha o mesmo discurso que apresentou numa entrevista à BTV, então a propósito do Benfica.

“Não foi nada fácil chegar aqui, mas agora que aqui cheguei, não acabou. Agora é que vai começar. Agora estou onde sempre quis estar e tenho a oportunidade que sempre quis ter.”

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