Governo em contra-relógio

O país entrou ontem na fase de prontidão reforçada de meios de combate aos incêndios florestais. Dia 1, entramos na fase mais aguda. E o Governo parece estar em pleno contra-relógio, tantas são as incógnitas que ainda falta responder.

O país entrou ontem na fase de prontidão reforçada de meios de combate aos incêndios florestais. Dia 1, entramos na fase mais aguda. E o Governo parece estar em pleno contra-relógio, tantas são as incógnitas que ainda falta responder. Vamos por partes. Primeiro, a limpeza de florestas. O Executivo tem feito disso prioridade, os ministros e o Presidente da República deram o exemplo, mas os municípios queixam-se que não conseguem cumprir o prazo (que já foi estendido), como o PÚBLICO aqui relatou ontem citando autarcas de Seia e Covilhã. E que é feito da linha de crédito anunciada por António Costa a 15 de março para ajudar a financiar empresas e proprietários individuais? Demorou quase dois meses a ser posta em prática (foi lançada na semana passada) e não se sabe quantos pedidos já recebeu pois a SPGM - Sistema Português de Garantia Mútua, que gere a linha, remete-se ao silêncio.

Depois, os meios. Dos 32 helicópteros e aviões de combate aos incêndios que Portugal devia ter prontos a voar nesta altura do ano, ainda só existem 13. O Governo tentou alugar por ajuste direto a empresas italianas mas acabou por colocar-se nas mãos das empresas portuguesas que acusara de cartelização. Isto porque o tempo urge.

Por fim, os famosos Grupos de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS). Tal como o PÚBLICO deu conta na semana passada, os grupos de acção imediata de combate aos incêndios da GNR, em que assenta a reforma deste Governo, arriscam ir para o terreno sem os meios básicos necessários, desde equipamentos de protecção pessoal a telemóveis. António Costa reconheceu hoje os atrasos, queixando-se das burocracias e garantindo que os investimentos necessários estão a ser feitos de forma progressiva.

Por último, a directiva que define o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais, aprovada pelo Governo, obrigava a que os planos operacionais distritais fossem publicamente apresentados até esta segunda-feira, mas isso só aconteceu num distrito: Leiria.

A propósito da instabilidade e mudança de cadeiras na Autoridade Nacional de Protecção Civil, Marcelo Rebelo de Sousa pedia, há dias, que todos tivéssemos “pensamento positivo”. Bastará?

Sugerir correcção
Ler 1 comentários